Thamires Lima
Tamanho único não existe
“A gente já começa a sofrer com o corpo desde criança, né? Desde os apelidos de escola, de gorda, baleia, saco de areia… Eu levava isso na maior, porque eu era uma menina que amava brincar com os meninos, sabe? Eu era muito maloqueira na escola, então se viessem fazer piadas comigo, eu ia entrar na resenha. Mas depois você vai ver o quanto isso é problemático”. A jornalista Thamires Lima explica que vivenciar a gordofobia como uma mulher adulta é muito desafiador. E quando o preconceito começa desde a infância é de forma tão enraizada que faz as meninas acreditarem que o problema está no próprio corpo.
Com 24 anos, Thamires Lima é formada em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e está concluindo sua especialização em jornalismo independente. Além de ser freelancer, ela trabalha na comunicação interna da Visão Mundial, uma Organização Não Governamental (ONG) que atua em defesa dos direitos da criança e do adolescente e pela proteção de populações vulneráveis.
Nascida em um ambiente familiar cristão e evangélico, Thamires frequentou por anos uma igreja convencional. Apesar de sua família ter sempre a incentivado a explorar seu lado comunicador e de liderança, os ideais conservadores desse ambiente, como a proibição de sexo antes do casamento, divergiam do que Thamires acreditava. “Por isso é muito importante a gente estimular essas discussões na escola, justamente para a gente tentar fazer com que esse conhecimento seja o mais leve possível, pois reflete nas nossas relações. Eu lembro nitidamente de paquerar com os meninos e eles paquerarem a minha amiga que era magra, loira, de olhos claros”, contou a jornalista.
Entrevista com Thamires - Parte 1
Entrevista com Thamires - Parte 2
Projeto Olhe-se: a beleza além do peso!
Ao longo da universidade, Thamires foi desenvolvendo sua linha de pesquisa voltada para a relação das mulheres com seus corpos, até que em 2017 nasceu o projeto “Olhe-se!”. A iniciativa ocorreu durante a Parada das Mulheres do dia 8 de Março, quando refletiu sobre antigas questões, como a visão de que mulheres gordas não poderiam ser felizes com seus corpos. E, também, com a ideia de criar algo que ajudasse a despertar o processo de libertação em outras mulheres, assim como o que ela estava vivendo.