A beleza fora do mito

A mulher foi submetida, durante muito tempo, a seguir um estilo de vida que a sociedade patriarcal ditou para ela, seguindo padrões opressivos sociais, profissionais, ideológicos e estéticos. Com a luta pela igualdade do gênero feminino, as mulheres começaram a se emancipar dessas condições impostas, resultando em uma onda de movimentos de conscientização e libertação que está presente até hoje.

A professora Ieda Cruz, formada em História, Psicologia e em processo de Especialização em Intervenções Clínica na Abordagem Psicanalítica, explica o conceito trazido pela autora feminista Naomi Wolf em seu livro O Mito da Beleza, lançado em 1992. “O livro mostra para a gente como esse mito é autorizado na sociedade patriarcal em que vivemos, como uma forma de controle dos corpos femininos e isso vai desencadear várias mudanças nas vidas dessas mulheres. A autora coloca o conceito do mito da beleza como sendo um mecanismo de controle social e um tipo de sedativo político, porque a partir do momento que as mulheres começam a se preocupar demais com a sua imagem e como seus corpos estão sendo vistos pela sociedade, elas deixam de investir em outros setores da sua vida. A sua meta se torna a busca por um corpo perfeito que não existe.”

“A menina aprende que as histórias acontecem a mulheres lindas, sejam elas interessantes ou não. E, interessantes ou não, as histórias não acontecem a mulheres que não sejam lindas”, afirmou Naomi Wolf. Assim, elas crescem em um contexto onde o corpo magro sempre está em evidência, representado na mídia, filmes, capas de revistas, histórias infantis e visto como o padrão mais desejável socialmente.

Nesse projeto apresento os processos de autoconhecimento e libertação de Geisa Agricio, Mari Cid, Rick Negreiros e Thamires Lima como uma forma de reflexão sobre esses ideais impostos às mulheres. Essa reflexão tinha que partir dos seus relatos pois envolve a história dos seus corpos, identidades, dores e superações. Cada uma conseguiu transformar sua vivência em uma mensagem de inspiração e empoderamento para outras pessoas. Em ambientes virtuais repletos de celebridades e influenciadores digitais que bombardeiam seus seguidores com procedimentos estéticos e produtos de emagrecimento, alimentando uma indústria que tem o objetivo de atender um eterna insatisfação nas pessoas, é revolucionário encontrar criadores de conteúdo que celebram a diversidade da forma feminina. Afinal, somos bonitas de rosto… e de corpo também!

Geisa Agricio

Engajada na luta contra o racismo e a gordofobia, Geisa luta por uma comunicação que enxerga todas as pessoas e permite que elas vivam todas as suas subjetividades. A mulher por trás da página Gorda Que Chama, mãe de Hernesto e que chegou para ser um incômodo nos espaços elitizados

Mari Cid

A designer recifense conta com mais de 6 mil seguidores no seu perfil do instagram, onde trabalha conteúdo de forma orgânica focado em moda plus size, corpo livre e girl power. “Uma coisa que me levou muito para o lado do instagram é eu ser a dona do pedestal, quem me segue sabe há muito tempo”

Rick Negreiros

Aos 22 anos, confortável na própria pele e trilhando seu caminho como creator, Rick conta o que aprendeu a priorizar na sua jornada com o corpo. “Não interessa qualquer outra coisa, os meus sentimentos são a coisa mais incrível que eu posso ter em minha vida e ninguém tem o direito de tirar… ninguém consegue tirar”

Thamires Lima

Ela vive à flor da pele e percebeu que partilhar sua vivência e dificuldades poderia levá-la mais além. Vindo de um contexto familiar religioso e convencional, Thamires mostra que o relacionamento com a autoestima não é algo linear e sim um processo com altos e baixos

#CorpoLivre

Como um movimento virtual pode se tornar um grande aliado no combate à gordofobia e aos padrões de beleza? Afinal, quem decide o que é beleza? Influenciadoras digitais marcam presença nas redes para criar espaços acolhedores que celebram todos os tipos de corpos

Censura de corpos

Conheça o caso de Nyome Williams, a modelo plus size negra que conseguiu mudar a política de nudez do Instagram e do Facebook através de uma campanha online

Expediente

Trabalho de conclusão de curso em Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco.

Produção e reportagem: Lara Salviano • Orientação: Carla Teixeira • Captação de Áudio e Entrevistas: Lara Salviano • Fotografias das fontes: Amanda Nakao, Mari Cid, Vithor Gabriel, Rick Negreiros, Luis Henrique, Thamires Lima, Camila Roma, Keliana Cerri e Vitória Lima • Webdesign: Jota Bosco