Entrevista com escritoras de fanfics

É notório o crescimento do mercado editorial independente e consequentemente o crescimento de obras que, antes de serem publicadas na sua versão física, são fanfics. Derivado da palavra fanfiction, e traduzindo para o portugues como ficção de fã, trata-se de um gênero escrito de fãs para fãs.

Nesta entrevista, realizada em abril de 2022, conversei com Kelly Souza, que também pode ser conhecida como Kele Aomine (Cherry e Meu Desfruto), e com Gabrielle Mariano que também atende ao pseudônimo de Blue (Dezessete Mil Sentidos para Benjamin Park). Ambas são autoras de fanfics, e chegaram a publicar seus escritos através de editoras independentes. Sendo assim, conversamos sobre o processo e sobre suas próximas publicações. 

Há quanto tempo você é ARMYNome oficial dos fãs do BTS, também é conhecido pela mídia ocidental como BTS ARMY.? Gostaria que me contasse um pouco da sua história com BTS.  

Kele: Me tornei Há quanto tempo você é ARMYNome oficial dos fãs do BTS, também é conhecido pela mídia ocidental como BTS ARMY. em 2017, exatamente no dia 7/12, dois dias antes do meu aniversário. Eu já conhecia o BTS por ver no Twitter e havia assistido um MV (Save Me) um tempo antes, mas me apaixonei pelos meninos nessa data, através da influência da minha melhor amiga. 

Blue: Eu sou ARMYNome oficial dos fãs do BTS, também é conhecido pela mídia ocidental como BTS ARMY. desde início de 2017, mais ou menos na época que saiu Not Today, mas já conhecia os meninos antes, por causa da minha melhor amiga.

Há quanto tempo você escreve e quais são seus gêneros favoritos?  

Kele: Eu escrevo desde os 13 anos e comecei por poesias, apesar de escrever romances, meu gênero favorito é terror/suspense. 

Blue: Eu escrevo desde os 12 anos, mas escrevo fanfics desde dezembro de 2017. Meu gênero favorito é drama, mas ultimamente estou apostando em fantasia também.

Como surgiu a ideia de escrever uma fanfic sobre BTS?  

Kele: Um tempo depois de conhecer o grupo, eu adentrei no mundinho de fanfics, eu já consumia esses conteúdos desde nova, então foi algo natural. Mas senti vontade de escrever depois de me conectar de verdade aos meninos, cada um deles. Essa “proximidade” me trouxe muita inspiração, admiro muito a personalidade deles.

Blue: Eu já estava no fandom há um ano quando criei o plot de Dezessete Mil Sentidos para Park Jimin, criei a história por causa de uma aula que eu tive ainda no primeiro semestre da faculdade de Enfermagem, onde conversamos sobre as diferentes formas de realizar a consulta de enfermagem. Acabamos falando sobre pacientes autistas e eu notei que as pessoas tinham uma visão bem limitada e estereotipada do autismo, foi quando decidi estudar e escrever sobre [isso].

Gostaria de saber como foi para você perceber que sua história estava ganhando reconhecimento no fandom

Kele: No começo foi um pouco assustador (ainda é rsrsrs), mas acho que aprendi a lidar com essa atenção conforme o tempo passou. Eu fiquei muito orgulhosa e feliz por saber de e conhecer pessoas que gostavam da minha história, que tinham tanto carinho por ela e pelos personagens. Até hoje acho meio inacreditável, mas me sinto sempre grata por tudo. 

Blue: Foi bastante surreal, na verdade. A gente sempre quer reconhecimento, mas quando ele começa a chegar, a ficha demora pra cair. Ao mesmo tempo em que eu estava muito feliz pela popularidade de DMSPPJ, eu também comecei a sentir muito medo de falhar em algo, porque as consequências teriam proporções ainda maiores.

Já tinha passado pela sua cabeça que você teria uma história sua publicada?  

Kele: Não, era um sonho, mas não um objetivo. 

Blue: Eu sempre quis publicar um livro, desde quando comecei a escrever, aos 12, mas parecia algo inalcançável para mim, eu nunca imaginei que realmente teria essa oportunidade. Foi, de verdade, a realização de um sonho.

Como foi o processo para que sua obra chegasse na versão física? Amaria que me contasse um pouco sobre todo o andamento, desde o contato com a editora até receber o livro em mãos.

Kele: Eu fui contatada por algumas editoras, me apresentaram propostas e isso já foi muito chocante pra mim, não imaginava, principalmente por ser um shipp que na época não era tão “popular” no sentido de ter muitas opções para leitura. Após aceitar uma das propostas, passei pelo processo de adaptação e revisão, foi bem tranquilo, tive pessoas incríveis do meu lado e muito suporte da editora. A parte mais difícil foi escolher novos nomes, lugares etc., porque me sentia muito limitada por meu próprio medo de “mudar demais” e isso afastar o público. Felizmente isso não aconteceu e hoje estou mais confiante, até. Segurar meu livro em mãos foi um dos momentos mais loucos da minha vida! Uma confusão de sentimentos e lembranças, tudo muito intenso. Eu nunca me senti tão orgulhosa. 

Blue: A Nicoly e eu somos conhecidas de longa data. Então, quando ela decidiu fundar a editora Violeta, eu fui uma das primeiras autoras com quem ela entrou em contato para publicação. Eu já havia tentado publicar DMSPPJ de forma independente, mas sempre acabavam abandonando o projeto, a Nicoly foi a primeira pessoa a me estender a mão e firmar esse compromisso de publicação. Eu anunciei os nomes dos personagens da versão original antes mesmo de DMSPPJ sequer ter começado passar pela adaptação, foram os meus leitores que escolheram os nomes de cada um. O processo de adaptação e revisão é bastante cansativo, mas muito realizador também, pude corrigir coisas que precisavam de melhorias e me apaixonar pela história de novo durante esse processo, além de poder ter participado de cada coisinha que era feita para o meu livro, ilustração da capa, diagramação, artes dos brindes, tudo.

Quais foram os feedbacks que você recebeu dos seus leitores que adquiriram seu livro e até da fanfic mesmo? Era algo que você imaginava? 

Kele: Foram bem positivos, mais do que eu previ. Só me dei conta do alcance que tenho depois disso e foi bom para me podar mais em muitos sentidos. Foi um projeto, o primeiro; é claro que nem tudo saiu 100%, mas foi uma realização e, mais que isso, o primeiro passo para mais objetivos.

Blue: As respostas, em sua maioria, foram muito positivas, principalmente pela qualidade do livro. Muitas pessoas me mandaram, e ainda me mandam, mensagens dizendo o quanto essa história é importante para elas, e não existe nada melhor para um autor do que ter seu trabalho apreciado com tanto carinho.

Quais são seus planos para o futuro? Já tem outra fanfic em mente que possa um dia se tornar um livro? 

Kele: Continuar escrevendo, continuar ARMYNome oficial dos fãs do BTS, também é conhecido pela mídia ocidental como BTS ARMY. e ter o prazer de acompanhar esses caras que me inspiram de verdade, em muitos sentidos. Tenho duas! Skin e Pillowtalk.

Blue:  Eu escrevo fanfic enquanto faço minha faculdade de Enfermagem. O plano é continuar assim, mas, sim, tenho mais duas histórias que serão publicadas em breve.