Vamos entender: o que difere moda consciente de moda sustentável?

O consumo consciente é um norte para as mudanças de hábito aliadas à questão da sustentabilidade. Para minimizar os impactos da indústria da moda, uma das soluções seria repensar o ciclo completo de vida de cada peça de roupa, a fim de evitar o desperdício. Além disso, uma importante atitude que o consumidor contemporâneo deveria assumir para ter uma “pegada” mais leve e preservar o meio ambiente é se perguntar porque e de quem está comprando uma determinada roupa, calçado ou acessório e se o objeto é realmente essencial.

A arquiteta e urbanista Gabriela Pinheiro (26), considera-se uma consumidora consciente. Compra apenas quando está realmente precisando e pensa se as peças vão ser úteis em sua rotina no trabalho, na universidade e na  igreja, locais que ela mais frequenta. No que diz respeito às compras, considera a relação equilibrada com a moda. “Há uns anos tento acumular menos. Percebo que não uso muitas das roupas que tenho, fruto de compras passadas feitas sem propósito. Adotei a prática de fazer compras intencionais e, a cada peça nova que compro, me desfaço de alguma antiga que já não uso”, afirma. “Outra questão importante para mim tem sido reduzir gastos sem finalidade e investir meu dinheiro naquilo que realmente me faz feliz”, complementa Gabriela.

A professora doutora do Departamento de Design de Moda e Pós Graduação em Design da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Simone Barros, afirma que existem várias formas de sustentabilidade. “Você pode fazer moda sustentável a partir do uso de matéria prima que não degradem o meio ambiente, que sejam mais duráveis, que não sejam de origem animal, que não usam corantes artificiais, que façam menos lavagens, inovando através dos tecidos de couro feitos de banana, abacaxi, cânhamo, por exemplo”, explica. “Além disso, uma marca também pode ser sustentável a partir do ponto de vista social tal como o trabalho de rendeiras, pagando-as honestamente e divulgando, porque, geralmente, há exploração dessas trabalhadoras. As lojas vendem as peças por uma fortuna e pagam uma miséria e as rendeiras não podem vender para outras pessoas”, revela. 

Slow

Outra palavra recente incorporada ao glossário da moda é o slow fashion, movimento sustentável de produção em pequena escala que se contrapõe ao fast fashion. O conceito foi criado em 2008 pela inglesa Kate Fletcher, consultora e professora de design sustentável do britânico Centre for Sustainable Fashion, inspirado no movimento slow food. Assim como em relação à moda, o slow food incentiva a consciência dos produtos consumidos, opondo-se à tendência de padronização do alimento, retomando a conexão com a maneira que são produzidos e valorizando a diversidade e a riqueza das tradições.

A sociedade, em sua maioria, ainda tem uma visão antropocêntrica do mundo (com o ser humano utilizando a natureza de forma predatória e sem preocupação com a biodiversidade), como se ela existisse apenas para satisfazer às necessidades humanas. Há ainda uma valorização excessiva da economia em detrimento das questões sociais e ambientais. Entretanto, economia e meio ambiente interagem e fazem parte de um sistema único. Para que o futuro do planeta não seja comprometido, é necessário que caminhemos para uma economia sustentável. 

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