Ana Cláudia Figueiredo (35) é formada em Recursos Humanos e trabalhava como designer de sobrancelhas até outubro de 2020. Agora, está empreendendo na venda de cosmética natural. Ana começou a questionar o estilo de vida que levava em 2018, quando trabalhava entre 10 e 12 horas por dia, recebia um bom dinheiro, mas gastava grande parte tentando manter a saúde pois o emprego exigia muito. Fisioterapia, massagem, remédios para dor eram imprescindíveis. “Não era nada inteligente. Comecei a me questionar: estou ganhando dinheiro mas olha o quanto estou gastando”, exclama Ana.
A partir disso, sentiu o desejo de desacelerar. Buscou estilo de vida mais simples; conheceu o minimalismo que a levou à sustentabilidade com a preocupação de saber tudo o que consumia, o volume de lixo que produzia, entre outros. “Cada vez que entrava na perfumaria para comprar um absorvente, saía de lá gastando em média R$ 100 com coisas que não usava depois”, diz Ana. “Seja porque tinha gostado da embalagem, porque disseram que era bom ou que afirmava para mim mesma que precisava”.
De acordo com Ana, tomamos decisões sem nos questionarmos e, com pequenas atitudes sustentáveis, é possível ajudarmos o planeta. “Um exemplo é comprar fruta picadinha no mercado embalada com plástico. Porque isso? será mesmo que é tão difícil picar uma fruta? Coisas assim, que parecem bobas, mas que fazem uma diferença gigante na lixeira ao longo do dia, da semana e do mês”, alega.
Quando conheceu a cosmética natural, até ver que tudo poderia ser mais simples do que imaginava, passou a cuidar bem mais da pele. “Grande parte dos rituais e produtos que criam para nós é totalmente dispensável e a gente facilita o processo de se cuidar”, expõe.
Pensando em diminuir o impacto ambiental das embalagens plásticas de cosméticos, os primeiros produtos que Ana mudou foram os de cabelo. Passaram a ser shampoo e condicionador sólidos (como um sabonete em barra) e que as embalagens são feitas de papel reciclado ou celulose. “Já estava buscando uma vida mais desacelerada. Seguida do minimalismo e de uma vida mais sustentável e, logo depois, veio a cosmética natural”, explica.
Após a cosmética natural entrar na vida de Ana, ela resolveu assumir os fios brancos. “Comecei a entender o que estava por trás de uma química. Sempre pintava os cabelos e fazia escova progressiva na parte da franja porque achava os fios rebeldes, até que, seguido do questionamento de mudança, decidi assumir o meu cabelo do jeito que é”, relata.
As trocas de cosméticos convencionais para sustentáveis, veganos e naturais foram acontecendo gradativamente. “Não adianta jogar tudo no lixo para comprar tudo do mundo mais verde. Não podemos gerar esse lixo. A gente precisa continuar usando e, quando eles forem acabando, mudamos aos poucos”, afirma.
Ana não sabe ao certo computar exatamente o quanto reduziu de gastos, mas brinca dizendo que é “rica”, depois de viver nesse mundo mais sustentável. “Antes nunca sobrava dinheiro mas, se hoje sobra, é por causa de tudo aquilo que deixei de fazer, como por exemplo pintar o cabelo mensalmente, fazer as unhas e tantas outras coisas que estava sempre fazendo, gastando dinheiro e tempo”, explica.
A partir disso, Ana começou a produzir os próprios cosméticos e sempre se perguntava se tal produto era feito dos ingredientes da natureza. “Comecei fazendo muitas receitas básicas através da internet e me interessei para estudar sobre. Fiz cursos de aromaterapia, depois de saboaria, de cosmética na cosmetologia do bem, de aromaterapia, entre outros. Além de me debruçar sobre livros de aromaterapia e, também, tenho aprendido bastante com uma cosmetóloga”, cita.
Desde o início da pandemia, Ana faz testes de produtos, sempre com uma quantidade pequena e, quando a receita dá certo, ela produz mais e presenteia algumas pessoas. Isso tudo buscando o impactar minimamente o meio ambiente, produzindo menos lixo possível e com ingredientes do bem.
Viver de forma sustentável é um caminho sem volta. Por ser tudo muito novo para nós, podemos até tentar relutar, mas quando nos permitimos desfrutar desse universo, é bem difícil voltar atrás. Ana Cláudia Figueiredo
Em seu instagram @grisalhasustentável, Ana fala sobre autoestima. Antes de idealizar o perfil, começou a postar conteúdos sobre o cabelo, mais precisamente a transição para grisalha. Cada vez que postava, gerava muita repercussão pois muitas de suas seguidoras queriam fazer transição mas lhes faltava coragem. No final de 2019, Ana focou no que compartilharia no Instagram. “Cogitei trazer a transição mais pública com o intuito de motivar outras mulheres principalmente sobre autoestima”, diz.
Fotos: acervo pessoal/divulgação
Mas foi na pandemia que o Instagram tomou vida. “Falei para mim mesma: é agora ou nunca”, alega. Enquanto ela compartilhava indagações, a rede crescia cada vez mais. Hoje, afirma que recebe muitas mensagens de mulheres que dizem que Ana foi a primeira inspiração de assumirem os fios brancos e de aderirem ao estilo de vida mais sustentável. “Queria que as mulheres entendessem que a beleza delas não está na cor de cabelo, no peso ou na maquiagem. Me sinto muito útil quando elas me mandam perguntas e de ter o privilégio de ajudá-las”, declara.
Confira o vídeo em que Ana ensina a preparar uma máscara de argila facial:
Segue o passo a passo da receita:
Escolha uma das argilas de acordo com sua pele:
Argila verde para pele oleosa e acneica ou
Argila amarela para pele mais madura ou com flacidez e linhas de expressão ou
Argila branca para peles sensíveis e clarear manchinhas.
Demais ingredientes:
- Vinagre de maçã (regula o pH),
- Óleo essencial de lavanda (estimula colágeno),
- Óleo essencial de laranja doce (vitamina C),
- Óleo essencial de melaleuca (caso tenha acne).
Use 1 gota de cada óleo. Manipule sua argila preferencialmente em um recipiente de vidro e com colher de madeira ou cerâmica, não é legal ela entrar em contato com o inox ou metal. O plástico também pode soltar algumas substâncias químicas, então, se puder, não use.
Deixe agir por 20 minutos. NÃO DEIXE SECAR NO ROSTO! Para um excelente resultado, você precisa hidratá-la a cada 5 minutos. Pode ser com água filtrada ou um chá de alecrim, camomila ou hortelã. É bem legal colocar em um borrifador e ir espirrando. Se não quiser ficar fazendo isso, coloque uma camada bem generosa da argila, assim não dá tempo dela secar.
⚠️Quando a argila seca no rosto, ela “rouba” a umidade da pele e, ao invés de hidratar, ela desidrata. Além de repuxar e deixar a pele irritada.
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