As compras online cresceram 61% durante o isolamento social, segundo dados do estudo “Novos hábitos digitais em tempos de Covid-19”, realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC), em parceria com a Toluna. Além disso, os consumidores começaram a pagar por meios digitais e afirmam que vão seguir com essa prática de compras no pós-pandemia.
Quando o comércio reabriu as portas para os serviços não-essenciais, depois do período mais intenso do isolamento social, clientes de diversos países foram às ruas e formaram filas em frente às galerias de luxo. Na China, o primeiro dia da reabertura do comércio rendeu aproximadamente US$ 2,7 milhões. Já na França, por mais que houvesse o cuidado para não aglomerar, muitos consumidores esperaram em frente às portas de grandes lojas como, por exemplo, a Louis Vuitton e a Hermès.

Foto: Stephane Cardinale/corbis Via Getty Images/reprodução
Em São Paulo e Brasília, o primeiro dia também houve filas. O retorno massivo às lojas é reflexo do comportamento chinês chamado “Revenge Buying”, que busca compensar nas compras depois do período em que as pessoas estiveram reclusas sem poderem gastar. O conceito, que traduzido significa “consumo de vingança”, ou “compra por vingança”, surgiu em 1980, quando consumidores chineses puderam ter acesso à compra de produtos provenientes de outros países quando estes ainda eram uma demanda restrita.
Laís Arcanjo (22), estudante de Jornalismo, antes da pandemia já tinha o costume de comprar online e em lojas no centro do Recife e se controlava bastante. No entanto, quando o período de isolamento social começou, ela achava que continuaria com o pensamento de ser mais regrada, mas aconteceu justamente o inverso. “Comprei muito mais durante a quarentena do que já havia comprado antes e todas as compras foram feitas através de sites. Comecei a seguir lojas locais, a acompanhá-las nas redes sociais e a consumir os produtos delas”, expressa.
Já Larissa Nunes (22), atriz e jornalista, afirma que, no primeiro semestre do ano, justamente no pico da pandemia, não comprou absolutamente nenhum artigo de moda. A partir do segundo semestre, comprou algumas peças de roupas porque sentiu necessidade de utilizá-las para o trabalho e em um evento específico. “No total, foram seis peças. Sempre penso muito antes de comprar e, quando compro, penso se vão servir para produções futuras e fazer combinações diferentes. Além do mais, opto pelo conforto, qualidade e preço”, declara.
Com a chegada imposta do isolamento social, o comportamento do consumidor mudou e a tendência do conforto consolidou-se ainda mais. O mercado de moda tem investido crescentemente em peças multifuncionais, que são adequadas para videoconferências mas, também, para deitar no sofá, que aliam o conforto e a praticidade sem deixar o charme de lado.

estudante de Direito.
“Nos primeiros dias do isolamento social, estava meio largada. Passadas algumas semanas, senti falta daquele ritual do dia a dia e passei a me arrumar mais. Até hoje sigo o meu ritual sagrado. Acordo, tomo um banho e me arrumo. Coloco uma roupa confortável e bonita, acessórios, ajeito o cabelo e me perfumo. Acredito que ajuda na produtividade e o cérebro sai do ‘modo casa’ para o ‘modo trabalho/estudo’”.

estudante de Técnico em Enfermagem.
“Como não saía, acabei não me arrumando muito, mas também não fiquei só de pijama. Decidi investir nos shorts e regatas porque são confortáveis e também são peças que me fazem sentir mais arrumada mesmo dentro de casa”.
Um dos sites de fast fashion internacional que vem fazendo sucesso é a empresa chinesa, Shein, que está ganhando o coração de youtubers e influenciadores digitais. Só no YouTube são vários vídeos comentando a respeito do caimento, qualidade, preço baixo, entrega e se a compra é confiável. Muitos afirmam que a compra até chega, mas demora e tem risco de ser taxada.
A professora e consultora em Negócios de Moda, Karina Fernandes, diz que alta de compras em sites chineses se dá, principalmente, porque na pandemia as redes sociais foram as mediadoras da comunicação entre todos. “Os jovens passaram a ficar ainda mais ligados nas tendências e, vendo os influenciadores dizendo que tiveram experiências positivas, quiseram experimentar para dizer se realmente funciona. E, claro, o preço é bastante convidativo”, alega.
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