Novas oportunidades atraem jornalistas

Com a pandemia da Covid-19, muitas áreas foram impactadas pelo isolamento social. Uma delas foi o jornalismo, que já vinha passando por um processo de mudanças devido à migração dos seus leitores para o ambiente online. Segundo dados da Kaspersky, em uma pesquisa realizada em parceria com a Corpa (https://www.kaspersky.com.br/blog/pesquisa-infodemia-impactos-vida-digital/17467/), de forma online, entre fevereiro e março de 2021, sete em cada dez internautas brasileiros, entre 25 e 65 anos de idade, recorreram às redes sociais para se informar. Dessa forma, as empresas e os profissionais tiveram que se reinventar, entrando para o digital e encontrando no marketing digital novas oportunidades de trabalho.

“Essa junção foi uma via de mão dupla, tanto o marketing digital trouxe novas oportunidades para o profissional de jornalismo quanto o contrário, o jornalismo está contribuindo bastante com o mercado desses profissionais, podemos ver hoje o marketing de conteúdo, que muitas vezes é realizado por profissionais de jornalismo”,

Carol Monteiro, jornalista e Diretora da Escola de Comunicação da UNICAP.

A pesquisa Maturidade do Marketing Digital e Vendas no Brasil foi uma iniciativa que reuniu grandes empresas desse segmento como Resultados Digitais, Mundo do Marketing, Rock Content e Vendas B2B. O estudo sinaliza que o uso de estratégias digitais continua crescendo no Brasil, mostrando que, atualmente, 94% das empresas brasileiras estão apostando no Marketing Digital como estratégia de crescimento. Junto a esse aumento de investimento, o jornalismo ganha espaços e surgem novas oportunidades de trabalho. “Existem várias oportunidades desse universo, algumas delas são atividade de social media, gestão de tráfego, copyright, design, experiência do usuário, endomarketing, personal branding, entre outras”, conta Jéfte Amorim, professor e consultor de marketing, sócio-fundador da Dialógica Comunicação Estratégica.

Social media

É responsável por produzir, monitorar, interagir com o público e realizar o gerenciamento de  conteúdo para as redes sociais do cliente.

Gestor de tráfego

É responsável por  analisar e liberar  estratégias e ações dentro de uma empresa para gerar resultados e aumentar as vendas do cliente.

DESIGNER DE CONTEÚDO

 É responsável por criar o conteúdo mais estruturado e focado no usuário passando experiência para o público de forma direta e eficaz. 

GESTOR DE MARKETING DIGITAL

É  responsável por fazer a gestão da estratégia digital, captar leads para aumento de vendas e criar soluções digitais para o cliente.

Marketing de conteúdo é uma das oportunidades que o jornalista mais adquiriu no seu mercado de trabalho recentemente, pois é comum essa função ser destinada diretamente a esses profissionais pelo poder de verificação dos fatos, escrita e escuta das fontes. É uma estratégia de marketing focada na criação e distribuição de conteúdo relevante onde a empresa se aproxima do cliente de uma forma estratégica, gerando mais conexão, proximidade e, com isso, mais credibilidade. 

Mariana Barros é jornalista e trabalha atualmente com Marketing de Conteúdo em sua agência, a GoDoctors, desenvolvendo conteúdos para médicos. Ela trabalhou por dez anos na televisão, porém, não vendo mais como crescer profissionalmente na área, decidiu empreender na área e, hoje, tem uma empresa com mais de 40 clientes na área de saúde no campo digital.

“Eu trabalhei 10 anos em TV só que a questão salarial pesava muito para mim e o crescimento profissional também. Eu não via muito para onde crescer. Aqui em Recife é um pouco limitado… então resolvi empreender e fui para o marketing de conteúdo buscando trazer uma comunicação mais completa que a rede social pede com o diferencial do jornalismo que é uma produção de conteúdo mais rebuscada e responsiva também”, afirma.

Mariana Barros, jornalista e empreendedora
em marketing de conteúdo

Esse mercado de jornalismo junto ao marketing digital é algo ainda novo, tanto para os profissionais, quanto para as empresas, mas também para as universidades que preparam esses jornalistas para o mercado de trabalho.

O currículo dos cursos de jornalismo, que antes eram focados ao meio tradicional, hoje em dia, demanda mudanças para garantir que os profissionais saiam da universidade aptos a trabalhar nessa nova área. É o que traz Adriana Santana, professora e coordenadora do curso de jornalismo da UFPE. “O currículo do jornalista é mais compartimentado, onde a gente divide os conhecimentos e disciplinas com base na técnica, disciplinas ligadas às técnicas audiovisuais, radiofônica e escrita. Hoje a mobilização maior é para se desprender das técnicas e se aproximar das linguagens visual, radiofônica, digitais”, desenvolve.

A coordenadora do curso de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, Carla Teixeira, compartilha dessa mesma demanda de mudança curricular para estar em dia com o que o mercado apresenta. Ela afirma que a instituição está acompanhando as mudanças e em processo de reformulação de currículo para preparar esses profissionais, cada vez mais, para esse novo mercado. “Nós estamos sempre acompanhando as tendências no campo do jornalismo e da comunicação. Estamos em processo de reformulação do Projeto Pedagógico do Curso. Ele é norteado pelas tendências que observamos, mas deve seguir as Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de Jornalismo. Elas são de 2013 e incluem nos eixos de formação profissional, aplicação processual e prática laboratorial indicativos para as inovações tecnológicas no desenvolvimento de produtos jornalísticos e no próprio fazer jornalístico. Observando as diretrizes sob a perspectiva das tendências de futuro. Estamos trabalhando para incluir disciplinas que tornem o egresso do curso um profissional cada vez mais completo e preparado para atuar em vários campos”, garante.

Alguns profissionais, que já estão no mercado de trabalho, precisaram buscar especializações e cursos por fora da universidade para conseguir entender e fazer parte dessas novas oportunidades. Marina Meireles é jornalista formada pela Universidade Católica de Pernambuco, e precisou buscar cursos e especializações por fora da academia para conseguir entrar no mercado onde hoje atua como design de conteúdo. “Eu precisei de especialização. Recorri à especialização de comunicação e design digital na Escola Superior de Propaganda e Marketing da ESPM. Também recorro a diversos cursos na área de design, na área de acessibilidade digital, para me ajudar a ter a base que eu preciso para desenvolver o trabalho que eu faço atualmente”, afirma.

No atual cenário de mercado do jornalismo, os profissionais optam por empreender ou se especializar em uma área do marketing digital que mais lhe atrai, gerando, assim, um leque de novas oportunidades que surgem após a convergência entre as duas profissões. Na próxima aba, você acompanha mais sobre as histórias de jornalistas que trabalham no marketing digital, atualmente.

Adriana Santana, professora e coordenadora
do curso de jornalismo da UFPE
Carla Teixeira, professora e coordenadora
do curso de jornalismo da Unicap