Ao longo da história, os homens, assumindo posições privilegiadas de poder, dominaram muitos espaços. Coube às mulheres lutarem para encontrar seu lugar de protagonismo. Da mesma forma aconteceu na literatura. Tantas vezes silenciadas e subordinadas, as escritoras fizeram uso de pseudônimos, geralmente masculinos, para publicarem suas obras. Isso, quando o marido não tomava para si o título de autor. A situação passou a mudar no século XX, com o movimento modernista.

O site Extraordinárias: A presença da mulher na literatura brasileira se propõe mostrar como foi se estabelecendo a presença das mulheres na literatura brasileira, tendo como ponto de partida as escritoras que se tornaram canônicas, desde que o seu protagonismo pôde ser evidenciado, a partir das emancipações conquistadas pelo feminismo.

Você vai conhecer mulheres precursoras da literatura nacional e perceber como o jornalismo e a imprensa foram importantes para esse reconhecimento e a influência do feminismo para conquista dos espaços literários e políticos. Além disso, este espaço busca a aproximação com o contemporâneo, ao apontar mudanças no mercado editorial e como as mulheres encontram inserção nesse setor; sem esquecer, claro, o papel fundamental das leitoras e dos clubes de leitura de obras escritas por mulheres.

Navegue, acompanhe e se aproprie desta história que também é sua.

História

Escritoras

Mercado

Leitoras

Timeline

“Imagine viver em um mundo em que as mulheres são consideradas tão menores, tão inferiores, tão confinadas ao espaço doméstico, tão irrelevantes, que não mereçam ser estudadas. Um mundo em que as mulheres não são dignas de ter sua história contadas. Assustador, não é? Pois vivíamos exatamente nesse mundo até poucas décadas atrás. E, se essa condição tem mudado, é graças à luta feminista. A História das Mulheres é uma história de exclusão, de apagamentos, de sabotagens, de desvalorizações. Para se atacar a luta das mulheres, que historicamente leva o nome de feminismo, é preciso que nosso protagonismo seja negado. É preciso fingir que nunca lutamos. Por isso é tão relevante conhecer a nossa história”.
Gerda Lerner, A Criação do Patriarcado, 2019

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As ondas
do feminismo
no Brasil

O empenho em reescrever as memórias do passado propõe mudanças que regem a sociedade e o modo como as mulheres são vistas. Essa luta não é de hoje. Confira a seguir as ondas feministas e as respectivas transformações lideradas pelas mulheres ao longo da história.

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Primeira onda

1830 – Mulher é sinônimo de revolução

Nessa época, as mulheres viviam em uma sociedade com costumes rígidos, quando limitavam-na ao cuidado da casa, do marido e dos filhos. Diante disso, a luta era pelo direito de ser livre e de ser educada para além do comportamento esperado. Ou seja, elas queriam ler e escrever.

“As mulheres que escreveram, que desejaram viver da pena, que desejaram ter uma profissão de escritoras, eram feministas, pois só o desejo de sair do fechamento doméstico já indicava uma cabeça pensante. Então, na origem, a literatura feminina no Brasil esteve ligada sempre a um feminismo incipiente”, aponta a escritora e pesquisadora Zahidé Muzart.

O nome de destaque deste período, no país, é o de Nísia Floresta, considerada a primeira feminista brasileira. Atuou como escritora, tradutora e educadora. Fundou escolas para expandir os ideais do feminismo e escreveu o livro Direitos das mulheres e injustiça dos homens (1832), o primeiro a tratar dos direitos femininos em âmbito nacional.

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Segunda onda

1870 – Ocupação de todos os espaços possíveis

Neste período, o foco era a educação secundária, o direito ao voto e o trabalho remunerado. Surgiram, ainda, os primeiros jornais, revistas e periódicos voltados para a população feminina. As causas sociais também ganharam destaque e visavam a conscientização e mobilização das mulheres.

Josefina Álvares de Azevedo foi um grande nome, então. A escritora, jornalista, professora e poetisa lutava na defesa das causas femininas. Fundou, em 1888, o periódico A Família, em que os textos eram exclusivamente escritos por mulheres.

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Terceira onda

1920 – Direitos políticos para ontem!

Século XX. As mulheres ainda lutam pelo direito ao voto e por mais opções em áreas trabalhistas. Vemos, finalmente, a relevância e notoriedade às escritoras feministas – ainda que do jeito possível para o período.

É aqui que surgem os grandes nomes que são lembrados, quando o assunto é a literatura feminina canônica brasileira. Algumas delas são Clarice Lispector (1920), Lygia Fagundes Telles (1918), Rachel de Queiroz (1910), Carolina Maria de Jesus (1914), Hilda Hilst (1930) e Adélia Prado (1935).

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Quarta onda

1970 – Livre para ser o que quiser

Abrange até os dias atuais, em que o debate é a existência dos vários feminismos e os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres. Tem-se grande apoio da internet e das redes sociais digitais, o que favorece a horizontalidade dos importantes debates.

Ainda que as mulheres continuem lutando pelos direitos dos seus corpos, percebe-se que as manifestações do movimento resultam em discussões interseccionais, que implica em relacionar as subordinações, não entendo apenas como objeto único. Ou seja, não é possível estudar o feminismo sem antes se informar sobre o sexismo, o racismo e o patriarcado.

Além disso, as obras e a arte femininas tornam-se mais reconhecidas, uma vez que essa conexão virtual permite maior visibilidade; o que influencia, também, nas conversas, que tendem a ser tornar virais e, muitas vezes, fenômenos globais. Ainda assim, ainda existem muitas águas para mergulhar. E a luta está só começando.

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