A passagem do século XX para o século XXI marcou as nossas vidas, seja pela expectativa do “fim do mundo”, do “bug do milênio”, do medo do desconhecido ou, simplesmente, porque muitos dos hábitos de gerações passadas estavam se transformando radicalmente, desde que, em 1995, a internet foi se tornando uma ferramenta de uso extensivo.

Se a infância é um momento gravado para sempre em nós, como tem sido para as novas gerações experimentar as mudanças no cotidiano, nas brincadeiras, na construção de si como um indivíduo social? As crianças dos anos 1980 tinham na rua e na calçada um lugar para brincadeiras, algumas destas iguais às que irmãos e amigos mais velhos brincavam, compartilhando uma memória afetiva bem aproximada.

Nos anos 1990, as crianças foram ficando cada vez mais restritas a pequenos círculos, aos espaços fechados dos condomínios e ao ambiente doméstico. Os brinquedos eletrônicos, nesse contexto, ganharam protagonismo. Desde o início dos anos 2000, portanto, as práticas lúdicas da infância têm se concentrado em aparelhos eletrônicos e smartphones. Que memórias essas gerações têm a compartilhar sobre suas vivências de criança? Como o consumo cultural mudou com o tempo?

Aqui em Diferentes Infâncias reunimos histórias de pessoas que testemunham, a partir de suas memórias, as mudanças pelas quais passamos a partir das transformações culturais e comportamentais ocorridas nas últimas décadas, desde o final do século XX. São histórias de pessoas comuns que trazem para o presente – através de relatos e imagens – um pouco desse passado recente. As vivências de crianças, jovens adultos e adultos que tiveram suas infâncias nos anos 1990, no começo dos anos 2000 e nos anos de 2010 até 2021 são lembrados através das recordações de tradições e analisadas pela óptica profissional, com finalidade de trazer à tona as influências da infância na vida adulta.