Falar de literatura de cordel é falar, acima de tudo, do povo nordestino. Esse povo sofrido, calejado por um destino incerto. Do Sertão à capital, é um povo arretado que tem muita história pra contar. Que se expressa das mais diversas maneiras. Na alegria da dança, no preciosismo do artesanato, no improviso do repente e na perfeição dos versos bem pensados. Ao abordar o assunto, queríamos esboçar o cenário do cordel na atual sociedade e, principalmente, a forma que essa expressão da cultura popular encontra para perpetuar suas histórias.
Durante a produção e execução das reportagens, percebemos que o cordel é um gênero guerreiro. Resiste aos tempos, ao preconceito, ao abandono e às novas tecnologias. É que nem brasileiro: sempre dá um jeito. Na parceria com a xilogravura, passou de geração para geração. Encontra formas de vencer o preconceito dos mais jovens, seja pela educação na base do ensino ou pela insistência no dia a dia. O cordelista decidiu que para sobreviver é preciso criar iniciativas independentes, sem contar necessariamente com o apoio do governo.
Houve quem dissesse que chegaria um tempo que o cordel precisaria desarmar sua barraca e ir embora. O gigante da internet chegaria e derrubaria técnicas tão seculares. Mas a literatura encontrou nas novas tecnologias um novo e muito importante aliado.
Desta busca para entender uma das máximas expressões da cultura popular, nasceu a alcunha “Derrepente Virtual”. O nome não é por acaso. Vem de um jogo de palavras. O repente é o cordel falado, no improviso do povo. O virtual é a nova maneira de falar, escrever o cordel. O de é a fusão do repente com o verbo ‘der’. E se der repente?!
Reportagens:
Joelli Azevedo | Malu Silveira
Fotografia:
Joelli Azevedo | Malu Silveira | Maria Eduarda Bione
Orientação e revisão de texto:
Fabíola Mendonça | Breno Carvalho
Designer e diagramação:
Flávio Santos
Áudiolivro:
Abdias Campos
Edição de imagens:
Gerson Nazário | Joelli Azevedo | Malu Silveira