
A inserção das mulheres no mercado de trabalho aconteceu tardiamente no mundo todo, apenas por volta do início do século XX, e mesmo décadas depois ainda existem diversas áreas com destaque predominantemente masculino, como é o caso do audiovisual. Essa realidade se mostra na constante tentativa das cineastas pernambucanas em garantir seu espaço nesse ramo, porque mesmo depois de várias conquistas essas profissionais se veem desvalorizadas e em constante busca por investimentos nos seus filmes.
Aqui em Cineastas Pernambucanas: em busca de espaço no cinema nacional, você vai conhecer a história das mulheres no cinema pernambucano, contada pelas cineastas, equipe de apoio e pela crítica. Vai atravessar as gerações, ver quem são grandes pernambucanas da área, escutar o que as mais jovens têm a dizer sobre o cenário atual e futuro do cinema e assistir trechos de trabalhos realizados por essas mulheres.
Navegando pelo site você vai entender por que as cineastas pernambucanas merecem ter seu espaço garantido no cinema nacional.
Por Natália Aguiar
Timeline
Gerações
A história do cinema pernambucano costuma ser contada em gerações e ciclos, cada uma com suas características, estilos e valores. A seguir, conheça um pouco sobre cada um desses ciclos, com a ênfase na participação de mulheres na direção:
Anos 20
1ª Geração: Ciclo do Recife
A criação em audiovisual em Pernambuco surgiu na década de 1920, marcada pela produção com recursos próprios, apropriação da linguagem, montagem, história e câmera dos clássicos americanos. Nessa época, os profissionais exerciam outros tipos de trabalhos e só aceitavam uma mulher trabalhar com cinema diante da vigilância dos pais ou do marido. Portanto, ocuparem o lugar da direção não era algo provável. Para se ter uma ideia, a entrada da atriz Almery Steves no ciclo trouxe grande julgamento, tanto que ela só se firmou no mercado após seu casamento com Ary Severo.
Anos 70 e 80
2ª Geração: Ciclo Super 8
Nesse período foram produzidos mais de 200 filmes. O Super 8 contava com orçamentos mais baixos, equipamentos mais baratos, possibilitando, assim, que cineastas conseguissem bancar seus filmes e captar, montar e revelar de forma caseira. Kátia Mesel é a mulher de maior destaque entre os diretores dessa geração, com seu filme El Barato (1972).
Dos anos 90 a 2007
3ª Geração: Ciclo do Manguebeat
Essa geração foi fortemente influenciada pelo movimento do Manguebeat e teve um aporte para a criação fomentada pela aprovação da Lei Rouanet, em 1991. Na época cresceu o número de curtas e cada vez mais mostrava-se a força das produções locais.
Entre alguns nomes de peso da geração estão: Adelina Pontual, com Cachaça (1995), O Pedido (1999) e Véio (2005), e Luci Alcântara, com Quarto de Empregada (1995) e Restaurante Leite, Receita de Tradição (2001).
2008 - 2015
4ª Geração: O Novo Ciclo do cinema pernambucano
A geração é marcada por grupos que atuam de maneira colaborativa e que buscam um cinema autoral. Foi aqui que surgiram novas temáticas expostas nos filmes.
Amor, Plástico e Barulho (2014) consagrou Renata Pinheiro como um dos principais nomes desse período. A cineasta Nara Normande faz parte essencial dessa geração, com seus primeiros trabalhos, como Sem Coração (Heartless).
2016 - ...
5ª Geração: Ciclo Atual
A partir daqui, Pernambuco se confirma como um dos principais polos geradores de filmes do Brasil, com grande participação em festivais brasileiros e internacionais, com o pontapé de Aquarius, de Kléber Mendonça Filho, e o mais recente de Renata Pinheiro, Carro Rei. O momento atual contempla outras diretoras, como Dea Ferraz, Tuca Siqueira, Gabriela Alcântara, Yane Mendes, Any Stone e tantas outras.
É inegável a efervescência artística existente em Pernambuco. Da música às danças, festas e tradições: o estado respira cultura. Hoje, ele é visto como um importante polo cinematográfico e cultural, além de ter grande reconhecimento no cenário cinematográfico com filmes como Aquarius e Bacurau, de Kleber Mendonça Filho. A vivacidade e a força do audiovisual pernambucano depende do trabalho de milhares de pessoas, de todas as idades, gêneros e cores. Apesar disso, as mulheres ainda se veem em situações em que são menosprezadas e diminuídas dentro desse mercado.

Quem são elas?
Podcast
GRL PWR
História
VIDEOTECA

Teaser Geração 65
Documentário, 2008, 90 minutos
Direção e roteiro: Luci Alcântara
Trilha sonora: Ave Sangria
Elenco: Alberto da Cunha Melo, Ângelo Monteiro, Domingos Alexandre, Esman Dias, Fernando Monteiro, Jaci Bezerra, José Carlos Targino, José Mário Rodrigues, José Rodrigues de Paiva, Lucila Nogueira, Marco Polo Guimarães, Marcus Accioly, Maximiano Campos, Raimundo Carrero
Sinopse: A Geração 65 e as características deste movimento literário, que aconteceu na cidade de Jaboatão dos Guararapes (PE), na década de 1960. Traz o depoimento de escritores do período, além da declamação de poesias da época.

Teaser JMB, o Famigerado
FICHA TÉCNICA:
Documentário, 2011, 105 minutos
Direção e roteiro: Luci Alcântara
Montagem: Suchi Barbosa
Som: Gera Vieira, Catarina Apolônio
Fotografia: Marcelo Lacerda
Sinopse: Acompanhe Jomard Muniz de Britto, um cineasta, professor e escritor pernambucano, conhecido por ser um agitador cultural. Conheça o caminho por onde essa figura ímpar do movimento tropicalista no Nordeste nos anos 1970 se mistura com o audiovisual pernambucano.

Trailer Rio Doce/CDU
Documentário, 2013, 72 minutos
Direção: Adelina Pontual
Produção: Chica Mendonça, Adelina Pontual
Fotografia: Beto Martins
Sinopse: Uma viagem de Olinda ao Recife passando pelos subúrbios com o ônibus Rio Doce/CDU. São bairros, pessoas, caminhos e paisagens que marcam diariamente a vida de quem pega a linha mais famosa da Região Metropolitana do Recife.

Trailer Carro Rei
FICHA TÉCNICA:
Fantasia, 2021, 97 minutos
Direção: Renata Pinheiro
Fotografia: Fernando Lockett
Elenco: Matheus Nachtergaele, Luciano Pedro Jr, Jules Elting, Clara Pinheiro, Adélio Lima, Ane Oliva e Tavinho Teixeira
Sinopse: Uno consegue se comunicar com carros e, no momento que mais precisa, se junta com seu tio para criar um carro que fala, ouve, se apaixona e tem planos, para todos.

Trailer Amor, Plástico e Barulho
FICHA TÉCNICA:
Drama, 2013, 90 minutos
Direção: Renata Pinheiro
Produção: Sérgio Oliveira, Lourenço Sant’Anna, Letícia Friedrich e Samuel Vieira.
Elenco: Maeve Kinkings, Nash Laila, Leo Pyrata, Paulo Michelotto
Sinopse: Jaqueline Carvalho é cantora da banda de brega recifense Amor com Veneno e se vê presa numa vida vazia e com ciúmes da nova dançarina do grupo, Shelly. Vale mesmo a pena tudo pela fama?
com orientação da professora Adriana Dória Matos e webdesign de Jota Bosco.