Pretas na rede
Elas sabem que pode ser o que quiserem!

Quantas das blogueiras que você segue no Instagram, são negras? Já parou para pensar nisso? Se não, está mais do que na hora de refletir sobre o assunto e procurar conhecer mais mulheres pretas produtoras de conteúdo na internet. Não é que haja poucas influenciadoras negras nas redes sociais, o problema é a não valorização dessas profissionais. Seja das marcas que não as procuram para fechar publicidades e contratos, ou quando procuram, oferecem menos do que as demais influenciadoras ganham, do próprio algoritmo, que não entrega seu conteúdo e muitas vezes até mesmo do público que acompanha, mas não engaja em suas publicações.
Uma pesquisa realizada pelo site O Globo, mostrou que dos mais de 900 mil perfis de influenciadores cadastrados na plataforma de dados da SamyRoad, empresa de marketing de influência, apenas 20% são de pessoas negras. Mesmo presentes em 56 segmentos diferentes, elas não predominam entre usuários com mais de 5 mil seguidores.
Mas, apesar de todas essas barreiras, as mulheres pretas têm se posicionado e decidido não abrir mão de ocupar todos os espaços que lhe são possíveis, produzindo conteúdo sobre os mais diversos temas e assuntos, vencendo o algoritmo e o preconceito.
Sharon Baptista
“Eu entendi que, por ser uma mulher plural, eu posso e quero falar sobre os mais diversos assuntos”
Aos 26 anos de idade, Sharon foi a primeira da família a se formar em um curso superior. E foi durante o período em que estudou Jornalismo, na Universidade Católica de Pernambuco, que ela descobriu o gosto pela produção de conteúdo para a internet. Sharon conta que sua primeira experiência com esse universo foi através de uma viagem para cobrir a edição de número 48 do São Paulo Fashion Week, em 2019. Lá, juntamente com outras duas colegas estudantes de moda, ela teve a oportunidade de produzir uma série de conteúdos sobre o evento, no qual abordava não só os desfiles, como também a pauta que cada um defendia.”Eu percebi um retorno muito grande do meu público no Instagram e isso me animou”, conta ela.
Para Sharon, entender que ela não só poderia como deveria ocupar o espaço de comunicadora e não apenas nos veículos, mas também nas redes sociais, foi o que lhe abriu um imenso leque de possibilidades na carreira enquanto jornalista e também como produtora de conteúdo. No seu perfil no Instagram, é possível encontrar os mais diversos assuntos e debates, desde dicas sobre jornalismo, ao empoderamento negro feminino. “Eu entendo que quando uma mulher preta está à frente de uma câmera, ela tem muito o que falar. E eu vejo a câmera como uma ótima ferramenta para estarmos ecoando nossa voz”.
Na entrevista abaixo, Sharon fala dos assuntos diversos que fazem parte do seu dia dia de mulher comunicadora:
A desvalorização no mercado ficou exposta através de pesquisa feita no Brasil pela Black Influence, Site Mundo Negro, YOUPIX, Squid e Sharp, que ouviu cerca de 760 criadores de conteúdo, entre brancos, pardos, pretos, amarelos e indígenas. Os resultados mostram que os influenciadores pretos são menos contratados para campanhas de publicidade. Entre os entrevistados, 53% já tinham feito alguma campanha, porém, a proporção era 17% menor do que a da média geral das respostas. Confira no gráfico abaixo a diferença de valores:
Jack Inocêncio
“O autocuidado me fez entender que amando a mim, eu posso amar o outro melhor!”
A história de Jack com a internet é baseada na empatia, como ela mesma define, uma vez que o que a fez começar a produzir conteúdo para o Instagram foi o entendimento de que ela poderia ajudar outras mulheres a passar por experiências que ela já tinha vivenciado, nas mais diversas áreas de sua vida.
Jack trabalha como secretária da igreja da qual faz parte e é lá, também, onde desenvolve um projeto voltado para as meninas e mulheres da Igreja, o BBG (Blush, Batom e Glória). Foi o BBG que a impulsionou a trazer para as redes sociais o que ela já vivia na prática, em seu dia-a-dia. “O desejo de me inserir no contexto da internet surgiu quando eu percebi que poderia ser uma influência positiva na vida de outras mulheres, ajudando elas a lidar e a superar traumas e dificuldades que eu já vivi um dia”, afirma. E foi no início da pandemia, em 2020, que ela decidiu dar o pontapé inicial na produção, ainda de maneira tímida, com seus textos sobre amor próprio, autoestima e autocuidado, voltados inteiramente para o público feminino.
Não demorou muito para que Jack começasse a ter um retorno positivo das suas seguidoras, que a estimularam a continuar, fazendo com que ela ultrapassasse o número de 10 mil seguidores em seu perfil. “Para mim foi uma surpresa ver a conta crescendo tão rápido”, explica. Ao mesmo tempo que ela se surpreendeu com o alcance de suas publicações, teve a certeza de que estava no caminho certo e que deveria continuar.
Na entrevista abaixo, Jack fala mais sobre como tem trilhado esse caminho de ajudar outras mulheres a cultivar o autoamor.