Maternidade Real

As dores e as delícias que a maternidade pode proporcionar.

Sonhar, gerar, parir, criar, educar…a maternidade é um misto de sentimentos e experiências, onde cada mulher vive e constrói sua história à sua maneira. Se você conversar, por exemplo,  com três mães, com certeza ouvirá três relatos completamente diferentes, mas com alguns pontos comuns entre si também. Uma coisa é certa: não existe uma forma perfeita, um único jeito ou uma receita pronta que todas as mulheres devem seguir. A singularidade é justamente o que torna a maternidade algo tão especial e assustadoramente lindo de se viver.

Nas redes sociais, apesar de haver um certo padrão, pintado por muitas blogueiras famosas, onde a maternidade parece ser um eterno mar de rosas, também é possível observar que muitas mulheres têm decidido encarar a #maternidadereal de frente e falar sobre isso, mostrando não só as delícias, mas também as dores que o “ser mãe” trouxe para suas vidas.

Erika Lima

“Eu não sou apenas a mãe das gêmeas autistas. Antes de tudo, eu sou mulher, tenho minha individualidade”

Cheia de personalidade, falante e de riso fácil, Erika Leal é daquelas pessoas que, se deixar, fala por horas a fio sobre qualquer assunto. O nascimento de suas filhas gêmeas, Laura e Luna, trouxe um mundo de novas descobertas enquanto mulher, mas também de muitos desafios. Ela conta que se separou do pai das meninas pouco tempo depois que elas completaram três meses de vida e, desde então, se tornou uma mãe solo, que batalha para proporcionar a melhor qualidade de vida para as meninas, que foram diagnosticadas com autismo com dois anos e cinco meses.

“No Brasil, eles retardam muito o diagnóstico do autismo. Eu já desconfiava que minhas filhas eram, mas sofri muito até conseguir ser encaminhada para um médico que me desse certeza”, afirma Erika, ao contar sobre o período quando ela começou a perceber que o desenvolvimento das meninas não acompanha o ritmo da maioria das crianças que ela conhecia.

Confira abaixo a entrevista onde Erika conta mais sobre sua história com a maternidade e com a internet.

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Para se ter uma ideia da prevalência do autismo, dados recentes divulgados pelo Center for Disease Control and Prevention mostram que a cada 44 crianças nascidas nos Estados Unidos, uma tem autismo. Veja abaixo o crescimento de casos ao longo dos anos.

Vika Jardim

“A mãe perfeita nunca existiu. E tá tudo bem”

Vivian Jardim, mais conhecida como “Vika”, tem uma história regada de coragem, afeto, acolhimento e autoconhecimento quando o assunto é maternidade. Ela sempre sonhou em ser mãe, e conta que suas duas gestações foram muito diferentes uma da outra. Foi justamente durante esse período de descobertas, que ela se interessou por conhecer mais sobre a doulagem e, mais tarde, tornar-se doula, incentivada por amigas que, como ela relata, “sempre disseram que isso era a minha cara”.

Em 2013, Vika teve sua primeira gravidez planejada por ela e o marido e muito esperada por toda a família, pois seria a primeira neta tanto dos avós paternos quanto dos maternos. Apesar de querer um parto normal, na época, por sugestão da médica que a acompanhava, ela acabou realizando uma cesariana que, só mais tarde, descobriu que não era realmente necessária. Três anos depois, em 2016, ela engravidou de seu segundo filho e foi quando conseguiu seu tão sonhado parto normal, “mas cheio de intercorrências”, como ela relembra.

“Nós vivemos num cenário extremamente cesarista e isso acontece, muitas vezes, por uma questão de agenda mesmo. Os médicos estão sempre correndo, então, optam sempre pelo método mais rápido”, afirma ela.

Foi a partir de sua própria experiência com a maternidade que Vika tornou-se doula. Confira abaixo a entrevista onde ela conta o que a levou a falar das suas experiências pessoais e de trabalho na internet:

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“Minha DPP é 20 de março e meu desejo é por um PN, mas ainda não sei se será PD, por ser um VAB2C. O que sei é que, caso seja um PH, quero evitar a episio, kristeller, credé ou coisa do tipo.”

Se você não é muito familiarizado com o universo da gestação e da maternidade, é provável que não tenha ouvido muito sobre nenhum dos termos e abreviações usados acima. Por isso, criamos um Dicionário da gravidez e do parto humanizado para te ajudar a entender melhor o que cada sigla significa.

Dicionário do parto humanizado

DPP

Data Provável do Parto – É a data, calculada com base na última menstruação ou primeiro ultrassonografia, em que a mulher completa 40 semanas, ou seja, teoricamente a data mais provável para o bebê resolver nascer naturalmente. Como a natureza é imprevisível – e nem sempre (ou quase) o cálculo da idade gestacional é exato, a DPP é apenas uma ideia pra se basear. São poucas as grávidas que entram em trabalho de parto e têm seu bebê exatamente na DPP do início da gestação.

PN

Essa abreviação pode ser usada para dois diferentes termos: Parto Normal ou Parto Natural. Ambos são partos vaginais, mas a principal diferença entre os dois é que no Parto Natural a mulher não recebe nenhum tipo de medicamento durante o trabalho de parto, como ocitocina sintética ou anestesia, por exemplo.

PD

Abreviação para Parto Domiciliar, que é realizado fora do ambiente hospitalar, geralmente na residência da gestante. A grande maioria dos partos domiciliares são programados e têm acompanhamento de uma equipe com profissionais capacitados para acompanhar o trabalho de parto e pós parto, incluindo um obstetra, enfermeira obstétrica ou obstetriz (além de doula e pediatra, se for do desejo dos pais).

VBAC

Vaginal Birth After Cesarean = Parto Vaginal Após Cesárea: A tradução é auto explicativa, né? Pode se ter também, por exemplo, um VBA2C – parto vaginal após duas cesáreas e assim por diante.

Episio

Abreviação de Episiotomia: corte cirúrgico realizado na região do períneo, a partir da vagina, e que pretende ampliar o canal do parto para facilitar a passagem do bebê na última fase do expulsivo, evitando uma possível laceração irregular.

Credé (Método de Credé)

Trata-se do famoso colírio de nitrato de prata que é administrado no recém-nascido logo após o nascimento. O método tornou-se obrigatório no Brasil há algumas décadas pra combater uma doença denominada Oftalmia Neonatal, que pode acometer o recém nascido que nasce de parto vaginal quando a mãe está contaminada com as DSTs Gonorreia ou Clamídia.

Kristeller

Pressão sobre a barriga da grávida durante o expulsivo para adiantar a saída do bebê. Hoje essa técnica, criada em 1867 e ainda muito utilizada por alguns médicos e enfermeiros, é considerada violência obstétrica e pode oferecer riscos tanto para a mãe quanto para o bebê, como fraturas, sofrimento fetal e hematomas, por exemplo.

Litotomia

Aquela “clássica” (infelizmente) posição de parir em que a mulher fica deitada com as pernas amarradas em perneiras (posição ginecológica, sabe?). Apesar de ainda muito usada por vários médicos, há evidências científicas de que a posição de litotomia não auxilia em nada no trabalho de parto, pelo contrário, a maioria das mulheres que são sujeitas a essa prática reclamam de desconforto e dificuldade no expulsivo, o que acaba prolongando e tornando o parto mais doloroso.

ILA

Índice de Líquido Amniótico: O líquido amniótico é o fluido que preenche a bolsa amniótica e no qual o embrião fica imerso durante a gestação. Quando esse líquido está em menor ou maior quantidade do que deveria (oligodrâmnio ou polihidrâmnio, respectivamente) pode indicar problemas para a mãe e para o bebê e requerer correção.

PP

Placenta Prévia: Também conhecida como placenta de inserção baixa, é uma complicação da gravidez causada pelo posicionamento da placenta, que se implanta na parte inferior do útero, cobrindo parcial ou totalmente o colo do útero. Quase sempre é indicação para uma cesárea necessária.