Corpo Livre
Aprendendo a amar
o corpo como ele é,
não como dizem que
ele deve ser

Talvez o termo ainda seja uma novidade para alguns, mas a verdade é que se fala em “body positive” – “corpo positivo” na tradução literal – desde a década de 60, onde campanhas contra a discriminação pública de pessoas obesas, bem como de pessoas com deficiências, cicatrizes e queimaduras já eram realizadas. Mais tarde, em 1996, Connie Sobczac ajudou a firmar a ideia, através da criação da fundação “The Body Positive Movement”, que tinha basicamente o objetivo de estimular as pessoas a se livrarem dos padrões impostos pela sociedade e se aceitarem como são, visando combater a vergonha do corpo gerada pelas expectativas irreais que a sociedade projeta em todos, especialmente nas mulheres.
Mesmo estando já há algumas décadas circulando, o movimento ganhou uma expressão maior a partir de 2015, quando teve um enorme crescimento através da difusão nas redes sociais. De lá para cá, tem se tornado cada vez mais conhecido e propagado nas redes e na vida real. Meninas e mulheres têm assumido a liberdade de mostrarem seus corpos como são através das mídias digitais, onde movimentos como o #bodypositive tem se espalhado por todo o mundo.
Thamires Lima
“Eu sempre fui essa pessoa que não espera muito da opinião dos outros. Eu vou lá e faço”
Crescida em meio evangélico, acostumada a esperar ansiosa pelo domingo para escolher o “look do culto”, Thamires sempre gostou de fotografia, comunicação e das redes sociais. Sua primeira interação com esse universo, foi com as páginas de conteúdo gospel que repostavam as fotos dos seus looks, sempre muito bem produzidos. Mais tarde, quando começou a estagiar no Centro da cidade, ela teve a ideia de criar um Instagram para compartilhar fotos de roupas e acessórios com preços mais acessíveis, que ela encontrava pelo Recife. A conta se chamava @varalfotografico e fazia o maior sucesso, pois suas seguidoras costumavam interagir sempre e elogiar o conteúdo.
Mas, com o tempo, ela percebeu que era difícil dividir a audiência do seu público em duas contas na plataforma e decidiu então juntar tudo em seu perfil pessoal. A partir desse momento, Thamires passou a falar não só de moda e fotografia, mas a usar a plataforma para falar de si, do seu processo de aceitação e como ela não se enxergava mais nos padrões da sua infância: sempre de saia longa e cabelo grande.
No vídeo a seguir, Thamires conta mais sobre sua história com seu próprio corpo.
Maria Carolina Alves
“Eu sempre me vi dentro da internet”
Mais do que um hobby ou passatempo, a internet e as redes sociais sempre foram algo que Carol amou se dedicar. Desde a época em que o auge eram o Photoscape e o Tumblr, ela conta que produzia fotos e textos com o maior empenho, e com o Instagram não é diferente. “Eu tô lá porque hoje nosso trabalho precisa muito, você tem que ter presença nas redes. Mas eu também amo estar na frente das câmeras, ser fotografada. Eu sempre me vi dentro da internet”.
Considerando que um grande número de profissões hoje marcam presença nas redes sociais para garantir clientes e se manterem “notáveis”, com os fotógrafos não é diferente, principalmente por ser uma profissão extremamente visual. Carol afirma que estar nas redes pela sua profissão a fez gostar de não só divulgar seu trabalho como fotógrafa, mas também de começar a produzir conteúdo para o seu público, o que a tornou uma influenciadora digital.
Assista abaixo a entrevista onde Carol conta sobre sua história com a internet e como isso influenciou no seu processo de descoberta e aceitação.
Bárbara Luz
Desde a infância, Bárbara Luz tinha o desejo pelas passarelas e por conhecer mais sobre moda. Mas, por saber que não se encaixaria nos padrões exigidos por esse universo, ela deixou o sonho de lado. O que ela não imaginava era que aquele sonho de criança, que um dia foi colocado na gaveta, não só se tornaria realidade, mas transformaria ela em uma referência como mulher para diversas outras. Babi, como é carinhosamente chamada por seus amigos e seguidores das redes, conta que descobriu o universo dos concursos de Misses Plus Size através de uma tia, que mora em Brasília. Foi lá onde ocorreu o primeiro concurso do qual ela teve conhecimento, em 2012, e que despertou sua vontade de pesquisar sobre o assunto.
Em 2014, quando o concurso teve sua primeira edição em Pernambuco, Babi, incentivada por amigos e familiares, decidiu se inscrever. “Inicialmente era só uma brincadeira, mas eu acho que ninguém entra num concurso sem o interesse de ganhar!”, afirma ela, ao lembrar que foi a partir desse momento que seu interesse por investir na carreira como Miss Plus Size se iniciou. O que era a princípio apenas uma brincadeira, levou Bárbara Luz a conquistar o título de primeira Miss Plus Size Pernambuco, abrindo as portas para uma série de oportunidades que tornaram sua trajetória no ramo linda e marcante.
Confira abaixo a entrevista com Bárbara Luz:
Apesar de ter suas origens ainda incertas, devido à escassez de informações, há alguns relatos históricos que podem garantir que a moda Plus Size não é uma novidade do século XXI, como muitos pensam. Mesmo que tenha ganhado notoriedade e espaço no mundo há pouco mais de dez anos, a verdade é que essa vertente da moda vem se fortalecendo ao longo das décadas através de personalidades e marcas que escolheram ter um olhar mais abrangente e livre de preconceitos sobre a realidade dos corpos femininos e suas necessidades!
Na timeline abaixo você pode conhecer um pouco mais sobre o caminho que a moda Plus Size tem percorrido desde seu surgimento até os dias atuais.
Através dessas evoluções em sua trajetória, o universo Plus Size deixou de ser objeto de curiosidade para se tornar uma pauta debatida com frequência e motivo de muitas reflexões mundo afora. Se antes muitas mulheres gordas se escondiam embaixo de roupas largas, que não valorizavam suas curvas, hoje, elas têm empoderamento suficiente para usar peças que ressaltam suas formas, ao invés de escondê-las. Não só nas roupas, mas também em suas falas, posicionamentos, rodas de diálogos e, por que não, em suas redes sociais, mulheres gordas têm levantado suas vozes em busca de empatia, respeito e visibilidade.