Nicole A sexualidade é sobre você se conhecer, sobre você conhecer o seu corpo, sobre você. É muito mais do que o ato, né? Então é muito. A mulher com deficiência é muito taxada, não é? Como uma pessoa que não pode fazer sexo, como uma mulher que não tem direito a Sexualidade. Então, é, ao explorar a sua sexualidade, então para mulher com deficiência é duas vezes mais difícil, né? Porque já sofre preconceito por ser mulher e por ser mulher com deficiência. Então a gente é muito infantilizado, muitas vezes também. Porque a mulher, a mulher já é questionada muitas vezes com o poder fazer tais coisas, poder fazer coisas, assim os homens não são questionados muitas vezes e a mulher com deficiência, já é questionada pela sua deficiência e por ser uma mulher. E então fazer sexo para uma mulher com deficiência é questionada se pode ou não fazer sexo, se pode ou não se casar, se pode ou não criar seus filhos. Então sim, a mulher com deficiência sofre muito com estigmas. Para mim foi bem complicado, porque eu sou hétero, né? Mas eu sou católica, minha família é bem religiosa, então para mim foi bem complicado, porque muitas coisas a igreja não deixava a gente fazer, né? Muitas coisas eram proibidas, são proibidas pela igreja, coisas que são importantes para a gente se descobrir, a gente descobrir a nossa sexualidade, a gente descobrir o nosso corpo, a gente descobrir quem a gente é. Então dificultou bastante esse lado, o meu lado é por ser católica e tudo mais, por ter um lado espiritual muito forte. Mas nesse lado da sexualidade, acabou impedindo que eu me descobrisse mais cedo. Como qualquer pessoa com deficiência, eu sempre fui muito infantilizada por tais pessoas, né? Então, sempre me tratavam como uma criança, sabe? Mesmo as pessoas da minha família me tratavam como uma criança e eu não sou, eu sou uma mulher, sou uma mulher adulta que para mim, são coisas assim, são coisas normais como qualquer pessoa da minha idade. Na infância mesmo, na escola eu escutava alguns comentários assim: ah como é que a Nicole vai beijar? Você é uma pessoa que está na cadeira de rodas, como é que a Nicole vai beijar um homem? Como é que a Nicole vai ficar com alguém? Entende? Então, eu era muito questionada por ser uma pessoa que está na cadeira de rodas. Como é que eu ia fazer algumas coisas que todo mundo faz, assim. Minha família sempre, assim eu acho que por me ver como pessoa que é uma pessoa com deficiência e não vai fazer certas coisas, nunca questionaram, né? Nunca chegaram a questionar. Então nunca me questionaram sobre isso, mas creio que algumas coisas eles duvidam que eu não tenha feito, que eu não faça ou que eu não vá fazer. Tive dois relacionamentos, foram curtos, né? mas mas teve um que não foi tão bom, né? Porque teve um relacionamento meio abusivo, né? Então foi bem complicado, bem conturbado. Eu me vi numa situação que eu precisava parar, então eu acabei esse relacionamento e graças a Deus não durou muito, foi um mês mais ou menos que eu percebi logo no começo sinais de que era um relacionamento abusivo. As pessoas precisam mais de entender, sabe? Precisam entender, buscar mais informações sobre as pessoas com deficiência, sobre a sexualidade da pessoa com deficiência e tudo isso. eu comecei muito tarde né? ficar com pessoas e tudo mais. Eu comecei muito tarde, né? A ficar com pessoas, a conhecer pessoas diferentes e tudo mais. Buscava relacionamento com as pessoas, então tarde assim, comparado assim a outras pessoas e quando eu fui entendendo também que eu fui tratada de uma forma que não tinha diferença né? De uma mulher sem deficiência, para mulher com deficiência, também não influenciou muito minha vida sabe eu fui entendendo fui me empoderando, eu fui buscando informações também com outras mulheres com deficiência sobre empoderamento, sobre sexualidade. Eu fui vendo que a gente tem direitos, tanto quanto as outras pessoas. A gente pode ou não fazer se a gente quiser, se a gente não quiser, a gente faz e ninguém pode forçar a gente a nada, né? É sobre isso, a gente não tem que ficar se forçando a nada, independente se é por causa da deficiência ou não. A gente não pode ficar botando na nossa cabeça a gente tem que fazer isso a gente tem que fazer aquilo, a gente tem que deixar acontecer naturalmente