enfermeira: Maria Benita Alves da Silva Veja eu acho que para o Cisam não é muito diferente do que os outros não, certo? A gente é um hospital universitário e a gente tenta discutir essas particularidades dentro do conteúdo da universidade, porque o Cisam é um hospital escola da universidade de Pernambuco. Então, tanto curso de medicina, quanto curso de enfermagem da UPE, tem como espaço de prática o Cisam. Mas a gente tem todo as limitações que todos os serviços de saúde tem, começa com a questão da acessibilidade, né? Então, é difícil a gente pegar uma estrutura antiga como a do Cisam que tem 74 anos, não já tem mais de 75 de existência e conseguir fazer vários modificações nele para se adequar as realidades do mundo de hoje. Então isso é um grande problema, o básico da acessibilidade a gente ainda tem, de acesso, para garantir acesso de cadeirante dentro do serviço: eu vou ter rampa, tenho elevador no custo que dá, que permite em alguns setores, mas não em 100% desses setores. Mas na maternidade é facilitado porque tem rampa. Então, aí por exemplo na parte da consulta ginecológica, nós não temos a cama ginecológica que ela é móvel, que ela pode, você regula, né? Que ela pode descer e ficar no mesmo nível da cadeira para você facilitar o acesso da cadeirante na mesa ginecológica para que ela seja examinada. Então, realmente essa parte a gente não tem. Então esse acesso é dificultado, mas os profissionais que estão na casa, eles atendem a pessoa, certo? E se faz exame ginecológico? faz. Quem chega lá é atendida e vai fazer, claro que a gente pode se deparar com a resistência de um ou outro profissional, que muitas vezes essa resistência desse profissional pode se dar pelo fato dele não se sentir com habilidade para o atendimento, entendeu? Mas do que por uma questão de apenas ser um preconceito. Mas no geral o nosso atendimento é aberto para atender todas as pessoas, Independente da sua condição. Quando a gente sabe previamente que vai chegar o tempo, a gente ver a paciente tá lá vai marcar uma consulta, a gente até procura ver aqueles profissionais que tenham mais sensibilidade, mais tatu, mas habilidade para atendimento e até mesmo o consultório, porque às vezes os consultórios também que a gente tem, tem costura menor, tem consultório maior, tem consultórios que são divididos ao meio e como somos hospital escola a gente precisa aumentar o número de consultórios e não pode aumentar o espaço físico, divide o que tem. Aí às vezes a gente procura ver se aquele consultório onde ela vai ser atendida vai permitir a entrada, né? A entrada da cadeira, toda essa movimentação. Então, a gente esse cuidado de ajustar dessa forma para poder fazer o atendimento, mas a princípio não temos nenhuma restrição. A gente atende a todas, a gente oferece várias especialidades na área da mulher, a parte de reprodução humana que você falou é uma delas, embora muito incipiente ainda. Porque a gente não faz grandes tratamentos, vamos dizer assim, tratamentos mais invasivos para a reprodução humana. Eu acho que governo nenhum da assistência à saúde sexual e reprodutiva das mulheres, certas? Por mais avançado que eles sejam e que queiram chegar perto desse tema da sexualidade, da reprodução, eles se perdem muito no caminho porque tudo entra nas questões políticas, né? Cada governo que entra ele defende uma política e aquela política que eles defendem sofrem influências do meio econômico, do meio da religiosidade e isso muitas vezes desvia o foco dessa atenção. Se você observar ao longo da vida, ao longo da história, da saúde das mulheres, todo grande trabalho de governo, de política de governo, na área da mulher sempre o foco é na maternidade. Então nunca o foco é na saúde sexual e reprodutiva como defesa do direito das mulheres de se expressarem livremente sobre a sua sexualidade, sobre a sua reprodução. Quando chego na área de saúde, essa temática da saúde sexual e reprodutiva ela fica até delegada há segundo plano e o foco voltasse os holofotes mais uma vez para assistência a mulher no pré-natal, porque a mulher grávida é uma mulher que é vulnerável, é uma mulher que é frágil. E aí a nossa saúde sexual e reprodutiva fica para lá. Então eu sempre costumo dizer, antes da gente engravidar a gente é mulher, né? Primeiro a gente é uma mulher para depois a gente se tornar no caso mãe. Mãe não é obrigação, mãe é uma consequência da vida dessas mulheres, algumas têm mais vocação do que outras, tem aquelas que nem essa vocação tem, que não querem tem uma outra opção e essas nem sempre são respeitadas pela nossa pela nossa sociedade. Então a cobertura para nossa saúde sexual e reprodutiva ela já é difícil da gente conquistar e aí penso eu que nas mulheres que são portadores de deficiência ainda é mais restrito o acesso à orientação, a informação. Porque as pessoas não se preocupam, é como a gente começou a falando, né? Quando a gente começou a explicar o porquê do seu TCC, porque as pessoas incorporam que quem tem alguma deficiência, que foge do padrão da normalidade ou até mesmo do padrão de beleza não precisa ter desejo, não tem desejo, não tem vontade, não precisa ser bem atendida, não precisa ser bem assistida. Então já faz parte eu acho que do preconceitos que a gente tem na nossa Cultura, na nossa sociedade. Política de saúde da mulher ela contempla abraçar de uma forma generalizada o que é que é importante para manter a saúde das mulheres, as particularidades vão sendo tratadas nas suas particularidades, como o próprio nome diz. Então, toda mulher deve fazer exame ginecológico, todas as mulheres principalmente aquelas que iniciam atividade sexual, devem fazer seu exame de prevenção. À política para prevenção do câncer de colo de útero, ela hoje está baseada que existe uma faixa que é prioritária, que é faixa etária das mulheres entre vinte e cinco E sessenta e quatro anos de idade. Essas tem que estar realizando periodicamente o seu exame, não significa que as mulheres abaixo de vinte e cinco anos e que já estão em plena atividade sexual não precisem fazer essas precisam, mas o grupo etário do Ministério da Saúde preconiza e monitória com mais frequência são as mulheres nessa faixa etária, de vinte e cinco há sessenta e quatro anos. E aí, hoje a periodicidade desse exames tem sido feito da seguinte forma: a mulher precisa fazer dois exames consecutivos um atrás do outro, com intervalo de 12 meses entre um e outro, que é um ano e esse resultado dos dois exames, se for negativo para células neoplásicas que é negativo para o câncer, ela só precisa repetir após 3 anos. Essa é a periodicidade que está vigente hoje para todas as mulheres. As mulheres que portam alguma deficiência, essas precisam sim fazer esses exames normais, visitar o ginecologista, ter mama examinada, ter as partes íntimas examinadas, mesmo que não seja para colher o preventivo, mas colocar um espectro, olhar, analisar a vulva da mulher externamente, que são exames que faz parte do exame ginecológico que deve ser anual. então, anualmente a gente deve ir uma vez no médico para que esses exames sejam feitos. Empapar nossas mamas e fazer o exame especular.