Arenilda Duque da Silva As pessoas com deficiência em si, já vivem muito, como que diz assim, são discriminadas né? pela sociedade , mas eu sempre digo que a mulher é mais. Porque se a gente for fazer uma pesquisa na parte sexual, na parte amorosa, entre homem com deficiência e mulher com deficiência a gente vai ver que os homens com deficiência eles conseguem mais ter um relacionamento, casar. Porque e já a mulher com deficiência é pouco, por que? Porque eu digo isso? Porque nós mulheres a gente aceita mais o homem. Quando digo nós mulheres, com ou sem deficiência a gente aceita mais o homem, a gente é mais sensível e o homem não. O homem ele vive no padrão, ele quer uma mulher no padrão que a sociedade acha que é correto, né? Aquela que é Barbie, que é bem feita e às vezes, muitas vezes, eu digo sempre isso quando eu tô conversando, que às vezes o homem não quer uma mulher para ele, ele quer mostrar para outro homem que está com uma mulher gostosa, com uma mulher, né? Pra fazer né? Então ele não vai querer uma mulher na cadeira de rodas, uma mulher que tenha alguma deformação no corpo. Porque geralmente, eu mesmo tenho desvio na coluna, eu sou meia torta, então eles não querem isso por achar que isso é, como é que diz? As pessoas vão, eles tem um preconceito mesmo da parte do próprio homem e além do mais a sociedade tem esse preconceito que quando ver o homem com a cadeirante, com a pessoa usuária de cadeira de rodas com uma mulher com deficiência, diz logo: está se aproveitando, não vê o amor né? Oh aí tá com ela é interesse, por que no mínimo ela deve dar cartão do benefício a ele, só tá por interesse coitadinha, ele não tá, ele não gosta. Então, tem essas duas coisas que aí fica bem complicado que a gente tem que enfrentar dia a dia, né? Assim, esse tipo de situação que afeta as mulheres. Eu sempre digo, eu sempre luto na, há, desde 2009, quando eu cheguei aqui, eu cheguei aqui em 2008, mas desde 2009 que a gente luta junto da secretaria da mulher para a gente ter, nós mulheres com deficiência, ter um lugar dentro do movimento feminista. Porque o movimento feminista esquece a mulher com deficiência, elas não incluem a mulher com deficiência. Elas falam de mulheres negras, ela falam de mulheres brancas. Mas as mulheres com deficiência elas são esquecidas, infelizmente ela não estão e eu bato muito nessa tecla assim, principalmente aqui, quando eu vou participar dos eventos e eu digo cadê o que que tem para as mulheres com deficiências, né? E a gente já conseguiu realizar vários encontros aqui no Recife, a gente já fez o encontro de mulheres com deficiência na cidade do Recife, do estado de Pernambuco. Eu faço parte do comitê pro-mulher com deficiência, que é o comitê que existe dentro da secretaria da mulher de Pernambuco, secretaria do Estado, né? E aí, é, mas é muito difícil porque todo dia a gente tem que sempre estar auto afirmando nós somos mulheres, a gente tem nossos direitos. As pessoas não eram vistas, até hoje as pessoas, nós pessoas com deficiência, a gente não eram vistas como pessoas, a gente era vista apenas, é uma, quando vê uma cadeira de rodas diz, é uma cadeira de rodas mas em cima de uma cadeira de rodas tem uma pessoa. Nós somos pessoas, a deficiência só é um detalhe da gente, mas nós somos pessoas, infelizmente para colocar isso na cabeça da sociedade até hoje em dia é complicado. Então, a partir do momento que a sociedade não vê a pessoa com deficiência como um ser, como uma pessoa, uma pessoa que tem desejos tem seus desejos, que tem vontades, que quer se divertir, que tem tudo, então a gente termina ficando de lado marginalizada e sendo mesmo, é fica vulneráveis e termina mesmo sendo esquecida na sociedade e todo esse preconceito e a própria sociedade também cria esse paradigma, essa coisa que mulher bonita é aquela que é bem feita, aquela que é de questão. Então todas as mulheres com deficiência, não só, como a gente não tá falando de homem, tá falando de mulher. como as pessoas com deficiência têm seus defeitos, não são perfeitos, né? Quando você vê alguma pessoa com deficiência perfeitas na cadeira de rodas é porque teve um acidente, é que foi, mas se você foi cometido de uma paralisia, geralmente todo mundo que tem uma paralisia infantil sempre tem algum defeito no corpo, a perna fina essas coisas tudo. Então isso foge do padrão, então quando você foge do padrão você fica do lado, você é uma coisa que não serve para sociedade, você não serve para casar, você não serve para trabalhar você não serve para nada, você tem que ficar vegetando, você tem que ficar escondida. É como que você envergonha a sociedade, né? Você tiver não pode porque você envergonha a sociedade. as mulheres com deficiência não vê, primeiro elas veem, elas vêm primeiro a deficiência, ela não se sente como mulher. Então a partir do momento que você não se identifica, que você não. Porquê, é, como é por exemplo eu me identifico, eu sou mulher, eu tenho todo o meu corpo de homem mas eu me identifico uma mulher, então eu vou assumir a minha, meu gênero, né? então a mulher com deficiência não. então a mulher com deficiência não, então muitas mulheres com deficiência não sabe nem o que é gênero. Então, elas acham que a deficiência prevalece sobre o gênero. E aí, então ai ela não luta e a deficiência é maior do que ela pensa, tudo ela bota a deficiência na frente. Então, por isso que ela a partir do momento que ela não se impõe na sociedade, a partir do momento que ela fica dentro de casa, e o seu pai diz assim: Olha você com deficiência você não vai estudar não, você vai ficar em casa, porque você é mulher, agora seu irmão que tem uma deficiência igual a tu, vai para escola, porque ele é homem. Aí ela não vê essa questão que tá tendo, essa questão de gênero. Aí ela diz, não é porque a deficiência. Então é isso aí. Eu acho que ela, a própria mulher, não, ainda não assume seu lugar na sociedade como ser participativo, como ser, é como ser, como é que diz assim? Um ser libertário, que tem seus desejos e que não deve jamais curvar a cabeça, nem para a sociedade, nem para essa sociedade machista que a gente vê aí. E a gente poder viver e ser um cidadão e ter a nossa cidadania igual a qualquer uma pessoa, qualquer pessoa não tem deficiência né? E aí a gente, e aí pronto, aí às vezes a gente é quando você tem, é, quando está em uma função você tem que mostrar melhor de si porque você é com deficiência, você tem que mostrar que é melhor do que todo mundo, que é capaz só para mostrar isso por causa da sua deficiência. A partir do momento que você se aceita como uma mulher com deficiência, que você aceita como mulher que não vai aceitar as injustiças que a sociedade lhe apresenta por você ser mulher, aí você sim você esta empoderada. Aí, a partir daí você está com o empoderamento aí você vai partir para uma relação, e você vai ter o empoderamento sexual, porque não adianta se você é, se você for aquela pessoa que fica dentro de casa, sem estudar, depressiva, você não vai ter nunca seu empoderamento, nem econômico, nem emocional, nem nada, muito menos sexual, isso fica por último. Eu acho que a mulher ela primeiro lugar tem que sentir mulher, eu sou uma mulher com deficiência, tenho meu lugar, eu sou assim, eu tenho meu corpo, meu corpo tá com, tem que se aceitar primeiro sabe Pâmela? Se aceitar. Eu sou uma mulher com deficiência, minhas pernas são finas? São, mas me amo assim, como eu sou, com minhas pernas finas, minha coluna desviada, entendeu? Eu sou assim, sem minha perna. eu sou uma mulher e eu me amo assim. E eu primeiro me amo e quem me amar vai ter que me amar e me aceitar como eu sou e não como eu deveria ser