Miguel do Carmo

Imagem: Selo emitido pelos correios em homenagem a Moacir Barbosa

Segundo o livro O negro no futebol, do jornalista Mario Filho, irmão de Nelson Rodrigues, o primeiro jogador brasileiro negro de que se tem registros foi Miguel do Carmo (1885–1932), que, aos 15 anos de idade, junto a outros garotos do bairro da Ponte Preta, em Campinas, no interior de São Paulo, fundou, em 1900, o clube com o mesmo nome e que hoje é um dos mais antigos em atividade no país.

Por permitir jogadores negros, a Ponte Preta era frequentemente hostilizada nos jogos realizados no interior paulista. Assim como o elenco, a torcida era composta em sua maioria por negros e operários, acompanhando o time nas excursões pelo estado. Eis que os adversários passaram a chamá-los de “macacos” e “macacada”, origem do apelido e da mascote do clube: macaca.

Do Carmo nasceu em 10 de abril de 1885, três anos antes da abolição da escravatura no Brasil, com a Lei Áurea. Ele era ferroviário e trabalhava como segundo fiscal de linha da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, em Campinas. Nascido em Jundiaí, ele atuou como um meio-campo nas primeiras partidas da história do clube.

A fundação da Ponte Preta contou com os apoios do alemão Theodor Kutter, do austríaco Nicolau Burghi, do brasileiro João Vieira da Silva, além do brasileiro descendente de alemães Hermenegildo Wadt. Em 2017, o clube recebeu o selo oficial dos Correios em homenagem à Primeira Democracia Racial do Futebol do Brasil.