GPCA: na luta pela busca de desaparecidos

Kamilly estava com o marido da avó. Álvaro brincava na rua. Apesar de não se conhecerem, estas crianças têm um estigma em comum: são estatísticas registradas na Divisão de Desaparecidos da Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). O setor é o único no Estado que trabalha diretamente com estes casos e têm registrado, neste ano, 82 ocorrências, sendo 18 delas não solucionadas até agora. Em 2012, foram um total de 259 registros, sendo 51 deles não solucionados neste mesmo ano.

Entre as principais causas de desaparecimento de crianças e adolescentes, que compreendem a faixa etária até os 17 anos, as mais comuns são relacionadas com fuga do lar, ou seja, envolvimento com drogas, meninas que querem namorar, mas os pais não permitem ou, até mesmo, a má estruturação do ambiente familiar. Casos como estes compreendem 90% dos registros do setor, segundo a chefe da Divisão de Desaparecidos da GPCA, Ana Paula Moraes, única profissional designada para administrar todos os casos do departamento.

“Os 10% restantes são os casos que chamamos de enigmáticos, onde existe o envolvimento com outros tipos de crimes, como sequestro do menor, por exemplo”, explica. Além disso, a grande maioria de casos é encabeçada por adolescentes do sexo feminino. “Já número de crianças é bem menor, no que se refere aos casos enigmáticos”, complementa a encarregada.

No Setor de Desaparecidos da GPCA o registro dos casos é feito de maneira simples. Os responsáveis ou pais da criança ou do adolescente comparecem a delegacia, registram o Boletim de Ocorrência (B.O) e são orientados sobre o que fazer para auxiliar na procura. Além disso, ainda no distrito, é feito um cartaz contendo informações sobre o desaparecido para ajudar na divulgação do caso. “Pedimos para as pessoas levarem estes cartazes, distribuírem perto de suas casas e, se possível, divulgar na mídia. Quando este material é publicado, as pessoas começam a ligar, dar pistas e se sensibilizar com o caso”, ressalta.

Já quando o caso é solucionado, ou seja, a criança ou adolescente é encontrada, o procedimento é trazer o menor para a delegacia, ligar para seu responsável e levá-lo para Unidade de Apoio Técnico (Uniat). Neste setor, é realizada uma espécie de escuta, onde profissionais vão procurar saber porque o menor fugiu ou quem o levou e o que aconteceu enquanto ele estava desaparecido. Caso tenha acontecido algum crime durante este período, outro B.O é registrado.

DSCF1264-3Apesar de o setor de desaparecidos se dispor a lidar com o lado mais social deste tipo de ocorrência, não há uma continuidade no acompanhamento dos casos. “A gente conversa quando eles fazem o registro e dá orientações. Depois daqui, encaminhamos os pais para o conselho tutelar, caso seja necessário realizar um acompanhamento psicológico, pois não temos estrutura para este procedimento”, explica Ana Paula.

Outro grande problema é a falta de comunicação que os pais têm com o setor. “Muitos se mudam, trocam de telefone e não nos avisam. Mesmo se o caso tiver sido solucionado, ele vai continuar na nossa estatística como desaparecido. Por isso, precisamos deste contato direto para atualizar nossos cadastros e seguir com as investigações que realmente precisam ser solucionadas”, finaliza.

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