Apesar do trabalho contínuo realizado pela polícia para tentar localizar os desaparecidos do Estado, esta tarefa está longe de alcançar um modelo ideal de investigação. Em Pernambuco, não existe uma delegacia que cuida, especificamente, destes casos. O único setor do órgão que lida com ocorrências de desaparecimento de maneira direcionada é a Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente (GPCA). Se o desaparecido não for uma criança ou adolescente, resta aos familiares procurar um distrito local do seu bairro
Esta descentralização é uma faca de dois gumes. De acordo com a delegada Gleide Ângelo, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil de Pernambuco, pedir para um familiar recorrer às delegacias locais pode ser positivo. “Os agentes da localidade conhecem a população do bairro onde aconteceu o desaparecimento. Muitas vezes, os familiares não dão informações corretas quando vão registrar uma ocorrência. Por isso, é preferível tê-los trabalhando nestes casos”, explica a delegada.
Por outro lado, não existir um setor para centralizar as ocorrências faz com que, muitas vezes, informações como números sobre casos de desaparecimentos não sejam arquivadas para posteriores acessos. Quando a equipe de reportagem compareceu ao DHPP para levantar informações específicas, foi informada que estes dados simplesmente “não existiam”. Atualmente, somente a GPCA possui um sistema de arquivamento para este tipo de ocorrência.
Outro problema administrativo pode ser facilmente perceptível quando um familiar decide publicar a imagem da pessoa desaparecida em um dos sites mantidos pelo governo para divulgar as ocorrências. Enquanto estava pesquisando sobre casos, a equipe de reportagem constatou no endereço eletrônico da Polícia Civil de Pernambuco, no acesso realizado em 5 de junho de 2013, apenas 25 casos. Já o Portal do Ministério da Justiça, possui apenas três casos registrados em Pernambuco.
De acordo com o Ministério da Justiça está sendo realizado um estudo para a reformulação do site. Contudo, as informações não podem ser atualizadas sem ajuda dos estados.
Apesar de a GPCA aparentar possuir um modelo que deve ser copiado pelo resto da estrutura da Polícia Civil de Pernambuco, já que é o único distrito que documenta número de casos, a delegacia não se ausenta de problemas. Enquanto esteve na gerência para apuração, a reportagem pôde constatar a falta de estruturação do distrito. Apesar de ter se mudado no mês de abril para um prédio reformado no bairro da Madalena, o local ainda estava sem linhas telefônicas e internet instalada, impossibilitando o trabalho de seus colaboradores.
De acordo com a responsável pela Divisão de Desaparecidos da GPCA, Ana Paula, Moraes, a realidade é muito precária. “Faltam funcionários e estrutura. Tentamos fazer nosso trabalho da melhor maneira possível, principalmente porque estes casos lidam muito com o lado social e precisamos tratar estas famílias bem, mas só isso não é suficiente”, lamenta.
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