Era manhã de sábado, dia 16 de fevereiro de 2013, na cidade de Chã de Alegria, localizada na Zona da Mata Norte de Pernambuco, quando Giovani decidiu ir à venda. Enquanto saía, ficaram em casa sua mulher, Elicleide, a filha com 18 dias de nascida, Giovana, e uma amiga da avó da criança, até então chamada de “Carla”. “Fiquei com uma coisa na minha cabeça, dizendo para eu não ir. Mesmo assim, achei que fosse besteira”, disse Giovani, que na época não imaginava que aquele pensamento seria apenas o começo de sua aflição.
Ao voltar, Giovani se deparou com a casa fechada e como não tinha trancado, achou estranho e resolveu forçar a porta para abrir. Lá, ele encontrou sua esposa, que sofre com problemas mentais, sentada no sofá, chorando muito e repetindo sem parar que a “mulher” tinha levado a criança. A mulher que Elicleide se referia era Carla, que mais tarde a polícia identificou como Ângela, e ela havia sequestrado a pequena Giovana e trancado a mãe da garota enquanto fugia.
Desesperado, o pai de Giovana começou imediatamente a fazer uma busca rápida pelos arredores da sua casa. Primeiro, foi até a residência da avó da pequena, pois seria lá onde a “mulher” estaria hospedada. Sem encontrar ninguém, o pai foi até a casa dos vizinhos e então entendeu que aquilo se tratava de um sequestro, indo registrar imediatamente um Boletim de Ocorrência (B.O). “Eu peguei meus documentos e fui até a delegacia. Fiz o B.O e a polícia começou uma busca rápida pela cidade. Quando disseram que não tinham encontrado a bebê, eu me desesperei mais ainda”, relembrou Giovani. Sem a filha recém-nascida, o pai, então, retomou sua procura indo até os municípios vizinhos.
Imprensa
Os vizinhos logo se comoveram com a tragédia da família. Um deles foi o professor José Roberto, que mobilizou toda a imprensa em relação ao caso. “Eu não pensei duas vezes, quando vi aquele desespero imediatamente fui ligando para os veículos de comunicação, a fim de divulgar o caso rapidamente” disse o vizinho.
Não demorou muito para que os jornais, revistas, rádios e TVs chegassem até a casa de Giovani para entender a história. Com fotos, cartazes e ajuda da mídia, o caso ficou conhecido em todo o Estado. “Nós temos que agradecer primeiramente a Deus e depois a Zé Roberto, que foi uma das pessoas que não nos conhecia, mas que sempre ajudou muito entrando em contato com os jornais”, falou Giovani.
Passaram-se alguns dias até que uma prima de Elicleide lembrou que tinha ido recentemente a um mercadinho com “Carla”, e que haviam câmeras espalhadas dentro do estabelecimento. E foi graças a estas imagens que o rosto da suspeita pôde ser divulgado. Nas imagens, a mulher estava de vestido rosa, encostada em um dos caixas. Nessa altura da busca, a imprensa agiu outra vez como principal colaboradora, realizando a divulgação do retrato falado da suspeita.
O encontro
Quatro dias depois do desaparecimento, na noite da quarta-feira, dia 20, policiais da delegacia de Timbaúba encontraram Ângela Maria da Silva, de 27 anos, em casa com a pequena Giovana, que já estava com 22 dias de nascida. De início, ela negou que o bebê tivesse sido roubado, mas confessou o crime para a polícia. Em depoimento, ela revelou o roubou a criança, pois seu bebê teria nascido morto e que o seu marido ainda não sabia do fato.
Em Chã de Alegria, a família de Giovana recebia feliz a notícia de que em breve a pequena estaria de volta. E não demorou muito. Na quinta, dia 21, ela chegou em casa por volta das 4h da madrugada. “Quando eu percebi que ela tinha sido sequestrada, perdi completamente as esperanças de reencontrá-la, mas aí as coisas foram acontecendo e felizmente ela voltou”, disse o pai da criança.
Sequestradora
Ângela, até então conhecida como Carla, estava no Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) há alguns dias, conforme descrito no boletim sobre o caso que foi divulgado na época. Segundo a polícia, durante este tempo em que ficou internada, ela estaria vagando pelo hospital propositalmente, já que seu filho havia nascido morto. Ela, então, estaria procurando alguma vítima em potencial, quando encontrou com a avó da pequena.
Dona Maria Creuza Araújo, em depoimento, afirmou que levou “Carla” para casa, pois ela já teria sido sua vizinha. Algum tempo depois, dona Maria confessou que não a conhecia: ela teria mentido por vergonha, por ter levado uma desconhecida para casa.
Na sexta-feira, dia 22, um dia antes de Giovana ter sido levada, Elicleide teve alta do hospital e foi de ambulância, junto com a sua mãe, para Chã de Alegria. Carla veio logo atrás de ônibus, já que tinha sido convidada para passar o final de semana na casa de Dona Maria. “No sábado ela chegou aqui em casa dizendo que mãe tinha pedido um balde de água. Eu deixei entrar e ela aproveitou que Giovani saiu e levou a criança”, relembrou Elicleide.
Ângela foi reconhecida pela tia da criança na delegacia de Timbaúba. Ela foi presa em flagrante e levada para a Colônia Penal Feminina, no Recife. Lá, a suspeita responderá pelos crimes de sequestro, cárcere privado, subtração de incapaz, parto suposto e falsificação de documento público.
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