O grevista de fome

Segundo dia de liberdade, 9 de março de 1979.
(Arquivo Pessoal)

Formado em jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), Marcelo Mário de Melo nasceu em 1944, no município de Caruaru, que fica a 130 quilômetros do Recife e está localizado no Agreste do Estado. Aos noves anos de idade, foi morar na capital pernambucana. Sempre antenado com as questões políticas nacionais e internacionais, este pernambucano, que também é poeta, ingressou no PCB em 1961, aos 17 anos, quando começou a participar do movimento estudantil.

Marcelo Mário de Melo, que participou de cinco greves de fome, atuou na defesa das causas estudantis até 1968, o ano mais difícil para o movimento estudantil devido à implementação do Ato Institucional N°5 (AI-5), que proibia qualquer tipo de manifestação contra o Regime Militar. “Com o Ato-5 surgiu o decreto 477, que cassava os direitos estudantes por três anos”, disse. Naquele mesmo ano, o jornalista participou do processo de fundação do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Atualmente, não é  um partido e sim uma corrente interna do PT chamada de Brasil Socialista (BS).

Considerado um “inimigo” do regime por militar no campo político da esquerda, o jornalista foi preso em março de 1971 e só foi posto em liberdade em abril de 1979. Embora não tenha sido torturado, o jornalista desabafou: “O sistema de tortura aos presos comuns era permanente. A gente tinha isso como bandeira de denúncia, a tortura aos presos. Tanto a gente se movimentava quando ouvia gritos de tortura, batia nas celas, como  também denunciava isso através da imprensa. Divulgava documentos clandestinos fazendo denúncias, inclusive casos de assassinatos de presos”.

Também escritor de poesias, textos de humor e contos, Marcelo Mário de Melo foi diretor de Ações Culturais e presidente da Fundação de Cultura da Cidade do Recife. Além disso, ocupou o cargo de diretor da Coordenadoria de Cultura da Secretaria de Educação de Pernambuco, presidiu a Fundação de Cultura de Caruaru e foi diretor de Ações Culturais da Fundarpe – Fundação de Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco.

Em 1980, o jornalista se filou ao PT. Dez anos depois, deixou o partido e voltaria em 1994, sem ter integrado nenhuma outra legenda no intervalo de quatro anos em que optou pela desfiliação partidária. Atualmente, o ex-preso político é assessor de Imprensa da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), ligada ao Ministério da Educação (MEC), e escreve artigos para a sessão de Opinião do Jornal do Commercio, em Pernambuco. Veja o vídeo em que Mário de Melo fala sobre a sua experiência dentro da prisão.

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