Kol ha Kavod e L’Chaim!
Como o povo judeu carrega uma grande tragédia em sua história, pretendemos com o MaguenTown celebrar a vida. Não queremos martirizar o leitor com relatos de um passado que tirou...
Só mais um site WordPress
Como o povo judeu carrega uma grande tragédia em sua história, pretendemos com o MaguenTown celebrar a vida. Não queremos martirizar o leitor com relatos de um passado que tirou a continuidade de seis milhões de crianças, mulheres e homens que poderiam ter um futuro inteiro pela frente. Viemos exaltar a vida dos judeus pernambucanos, que conseguiram sobreviver e transpuseram oceanos, fronteiras e barreiras para montaram uma comunidade que agrega uma rica cultura ao estado e também adiciona Pernambuco a sua cultura tradicional.
O MaguenTown traz em seu nome uma paródia do eterno pernambucano Chico Science, que mostrava em suas letras que a valorização da cultura de fora pode formar uma bela harmonia com a cultura local. Science provou além disso que os excluídos também podem ter uma bela voz e transpor barreiras e preconceitos que não tem motivos para existir. “É nossa responsabilidade resgatar os ritmos da região e incrementá-los junto com a visão mundial que se tem”, conta o músico em entrevista ao Jornal do Commercio no início da sua carreira.
E é com essa responsabilidade que o MaguenTown mostra aos pernambucanos a cultura judaica, que com o passar das décadas se misturou e assegurou o seu quê de pernambucanidade. O site se propõe a mostrar como estes bravos guerreiros judeus chegaram às terras de altos coqueiros e construíram um futuro de crenças e esperanças, se moldando e criando uma Comunidade Judaica com uma identidade única.
O amor ao futebol, tão brasileiro; a culinária, que usava temperos e especiarias de terras distantes; a veia artística, que é paixão comum; o movimento juvenil, que ganha uma cara israelense; estes são um pouquinho do conteúdo que será encontrado no site.
Comentários pessoais:
Herdei o judaísmo do meu avô materno, que nasceu de uma história de amor vinda de terras gregas antes mesmo da maior parte dos primeiros judeus chegarem e se estabelecerem em Pernambuco. O orgulho de ter o sobrenome Azoubel, hoje, uma das maiores famílias da comunidade judaica, me fez pensar na realização deste projeto muito antes de me dar conta. Fui desenvolvendo pequenos trabalhos sobre o judaísmo, a comunidade judaica e sobre a minha própria família ao longo dos meus anos de universitária, chegando até a ter a honra e ouvir meu tio Geraldo tocar para uma platéia que logo foi tomada por uma aula de judaísmo pelas notas de sua gaita.
A oportunidade de um intercâmbio na Holanda surgiu e conhecer museus que falavam sobre as histórias dos judeus pareceu um caminho natural para uma descendente. No entanto, foi por este caminho que um Trabalho de Conclusão de Curso começou a ser desenhado na minha cabeça. Passei a caçar todos os museus do gênero por todas as cidades em que passei. Da Casa de Anne Frank até um Walking Tour pelas ruas de Budapeste, cada frase, cada vídeo e cada lembrança de um passado perdido foram sendo agregadas as idéias do trabalho, que tinha um objetivo inicial de ser construído como um curta metragem.
Da Europa de volta a Pernambuco. Um semestre se passou e ninguém se interessou pelo projeto pela sua especificidade. Foi quando então surgiu de colocá-lo na web, assim, poderia encaixar diversos tipos de conteúdo e ainda teria a vantagem de fazê-lo só. Foi quando então surgiu a oportunidade de ir para Israel e me aprofundar um pouco mais sobre os judeus, suas histórias e agora também seu meio de vida, suas filosofias.
Embarquei no Taglit Birthright Israel acompanhada de mais três primos, que toparam a aventura. Para o primo que mora em Pernambuco ficou o papel de ser personagem de um vídeo. Que futuramente seria enriquecido por uma colega de classe que também viajou com o grupo. Em Israel, toda a emoção se transformou na ânsia de tirar fotos, uma paixão pessoal, que foram locadas a um infográfico e a algumas matérias.
Com as idéias ampliadas mundialmente, faltava agora para o projeto focar na cultura local. Algumas fotos vieram naturalmente para o projeto pelo renome e grande conhecimento no assunto, como Tânia Kaufman e Jacques Ribeboim. Outros surgiram aos poucos, com conversas e até durante pautas de fotográficas, como Safira Zaicaner e minha prima Isabela Azoubel. Outras pessoas como Beatriz Scherb e Raquel Azoubel não chegaram a entrar no projeto por um motivo ou outro, mas deram um grande apoio que se tornou essencial.
Deixo então meu agradecimento à todas essas pessoas e ainda à minha família como um todo, enfocando minha mãe, Silvia Azoubel, e minha avó, Marieta Azoubel, por entender o meu estresse a toda a aflição que um projeto final traz. Aos meus amigos, que me puxaram para seus braços e me aliviaram da tensão de forma singular. Às minhas colegas de trabalho, pela compreensão nas faltas e no apoio como um todo. E por fim mas não menos importante, à Comunidade Judaica de Pernambuco e em especial ao Habonim Dror, que me abrigou como uma filha retornando a sua casa, as suas origens.
Nota do autor por Rudá Cabral
Quando me foi proposto ingressar neste projeto, confesso que fiquei receoso. Dos judeus e sua história conhecia apenas o fundamental, aquilo que todos conhecem. Lembro que na mesma noite fui para casa deitei a cabeça no travesseiro e pensei sobre o assunto. No dia seguinte decidi aceitar. Ali se iniciava uma jornada de conhecimento da história deste povo com Pernambuco das misturas culturais e identidade criada por eles. Chegamos a um consenso de que o foco do projeto seria evitar a todo custo os esteriótipos sobre os judeus e proporcionar ao leitor uma panorama da comunidade judaica atual em Recife, sem esquecer as gerações passadas.
Apesar de não ser membro da comunidade, fui bem recebido por grande parte das fontes e quero deixar meu agradecimento especial à Tânia Kaufmann, Daniel Breda, Germano Zaicaner e Beatriz Schwartz pela disponibilidade e atenção. Não menos importante foi Joseph Mizrdri, judeu convicto, mas que nutre uma paixão por futebol genuinamente brasileira e Pola Berenstein, uma verdadeira lição de vida. A simpatia e boa vontade deles, foi uma força motriz para darmos continuidade ao projeto e a cada dificuldade que enfrentávamos, a cada não que ouvíamos nos lembrávamos deles. Infelizmente provamos da indiferença de algumas fontes oficiais que não souberam entender a importância do trabalho para comunidade. Bola para frente.
Fora da comunidade tivemos ajuda de várias pessoas, entre eles quero agradecer aos professores Thales Castro e Vlaudimir Salvador, este último fazendo jus ao sobrenome. Agradecimento especial ao meu amigo Alexandre Pádua pela ajuda pontual em um momento delicado do projeto. Com muito carinho, agradeço também a minha namorada Raissa D”assunção pela paciência, carinho, compreensão e apoio. Sem ela não conseguiria concluir o projeto. Por fim, quero agradecer aos meus familiares e minha parceira Ana Eduarda Azoubel por me receber neste trabalho de braços abertos.
*Kol a Kavod, do hebraico, com todo respeito. Simbolizando o nosso respeito com a Comunidade Judaica de Pernambuco e o respeito que recebemos.
*L’chaim – do hebraico, à vida! Usado como brinde em enfasa à vida.