“Um lugar de extrema importância histórica e cultural para a comunidade judaica no mundo”.  A reflexão feita pela pesquisadora do Arquivo Judaico de Pernambuco, Beatriz Schvartz pode ser considerada a melhor definição do que representa as sinagogas para o judeu. Traduzido do hebraico ao pé da letra a palavra significa “casa de reunião” ou “casa de oração”. O local é abrigo para o Torá, livro sagrado dos judeus, e utilizado também para realização de rituais e festas religiosas.

As sinagogas eram usadas também como escolas. Segundo Schvartz, a educação é primordial dentro do judaísmo. “Meus pais moravam em vilarejos no leste da Romênia e a alfabetização deles era aprender a rezar. Muitos eram totalmente ignorantes e não sabiam sequer escrever”, revelou. Entre outras coisas o lugar era usado também como ponto de encontro pessoas da comunidade.

 “As esnogas eram casas improvisadas como sinagogas. Naquela época já existia uma perseguição contra os judeus e alguns deles se converteram no cristianismo, no entanto, eles praticavam o judaismo as escondidas na casa de alguém”

Durante o século 16, o Recife recebeu vários cristãos novos vindos da Península Ibérica, alguns deles praticavam o judaísmo às escondidas. Sem sinagogas para realizar os rituais, a solução encontrada foi utilizar esnogas. “As esnogas eram casas improvisadas como sinagogas. Naquela época já existia uma perseguição contra os judeus e alguns deles se converteram no cristianismo, no entanto, eles praticavam o judaismo as escondidas na casa de alguém”, informou o professor e escritor Jacques Ribeboim.  

Beatriz scwartz

Beatriz schvartz

As casas geralmente eram propriedades de ricos comerciantes de descendência judia. Eles compravam sem ninguém saber vários objetos obrigatórios em uma sinagoga como a Arca Sagrada (armário onde fica guardado o rolo de torá), a Luz Eterna (uma luz que nunca apaga e fica acima da Arca Sagrada) e o Bimá (uma plataforma onde é lido o torá). Entre as esnogas mais conhecidas na capital pernambucana, estava à casa de Branca Dias, uma das primeiras da região, localizada em Olinda. Branca Dias foi uma das figuras históricas deste período. De origem portuguesa, ela veio para Recife fugida do tribunal da Inquisição em Lisboa. Aqui e estabeleceria como cristã nova, mas realizando rituais tanto no Engenho Camaragibe, onde morava, quanto em outra de suas residências em Olinda.

Outra esnoga conhecida era a casa de Duarte Saraiva. Este também era um rico senhor de engenho e realizava rituais em sua casa na antiga Rua dos Judeus, hoje conhecida como Rua do Bom Jesus. Posteriormente com a chegada dos holandeses, ele daria uma de suas propriedades na mesma rua, para a criação da primeira sinagoga das Ámericas, Kahal Zur Israel.

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