Durante uma conversa franca com a mãe de uma amiga lésbica, que preferiu não participar do projeto, em 2016, eu tive a oportunidade de entender o que se passa um pouco na cabeça das mães que a princípio não aceitam seus filhos LGBT. Ela, que por muito tempo rejeitou a condição da filha quanto homossexual, tentou curá-la com religião e utilizou discursos homofóbicos para desestabilizar a filha emocionalmente. Hoje, já aceitando a filha como ela é, ela tentou justificar suas ações dizendo: “Sei que o protagonismo é sempre da pessoa LGBT, mas ninguém se pergunta o que se passa na cabeça da mãe quando o filho se assume. São vários planos, vários desejos que temos para o futuro que acabam sendo diferentes”, afirmou ela.
Após o diálogo esclarecedor, tanto para mim enquanto parte da comunidade LGBT, quanto para uma mãe em processo de desconstrução, eu pude avaliar a participação das mães nas vidas dos filhos, em especial das lésbicas, gays, bissexuais e transexuais. Foi então que surgiu a ideia de contar histórias de mulheres que apesar de não serem da comunidade diretamente, acabaram se envolvendo com o movimento devido aos seus filhos.
Os medos das mães de pessoas LGBT são constantes e muito pouco explorados. Qual a força que essas mulheres têm, hoje, na luta contra a violência desenfreada ao público?
Histórias de amor como as de Gi Carvalho e Alexya Salvador que, apesar de tão diferentes, são mães de duas garotas lindas e com futuros brilhantes, encontram respaldo no desempenho materno. Histórias de superação como a de Eleonora Pereira, que perdeu seu filho José Ricardo Pereira em 2010 para a homofobia, e Ivoneide França, que teve a sua vida virada de cabeça para baixo com o nascimento de Téo para agradecer à mãe que luta pelo filho também me fizeram maior. E o companheirismo de Robeyoncé com Dona Marly e Gabriel com suas tias-mães, Maria Cláudia e Danielle vieram para relembrar o sentimento de que mãe também é sinônimo de amizade.
Fernando Seabra
Quando Fernando me contou que pretendia fazer o projeto sobre Mães de pessoas LGBT e me convidou para fazermos parceria eu prometi pensar. As conversas que tivemos sobre como surgiu a ideia foi o que me fizeram tomar a decisão de me juntar a ele. E eu não me arrependo.
Juntos tivemos a oportunidade de conhecer histórias de mães maravilhosas, lutadoras, companheiras e até mesmo incompreendidas. Foram sete mães apresentadas e histórias contadas que podem ser únicas mas também podem ser semelhantes à experiências de vida de outras mães.