A homossexualidade e transexualidade ainda são tabus na sociedade. É muito comum encontrar pais e mães que submetem o seus filhos LGBT a consultas psicológicas, psiquiatras e terapias para tentar resolver “o problema” que eles estão vivendo.
Embora não seja muito comentado, no ano de 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS), retirou a homossexualidade do quadro de patologias psiquiátricas por entender que a sexualidade faz parte da identidade do indivíduo, transformando, dessa maneira, inadequado o uso da palavra “homossexualismo”. A psicóloga clínica Suzana Schettini acredita que o problema que leva os jovens aos consultórios na verdade decorre da ignorância dos pais. “O “ismo” remete a doença. Homossexualidade não é doença, faz parte da personalidade da pessoa e nasce com ela. Os problemas psicológicos, que levam as crianças e adolescentes a tratamentos, são a negação gerada pela homofobia dentro de casa ou em âmbito escolar e principalmente a rejeição de quem se é por medo da reação dos pais” afirmou.
Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), pela professora Wilzacler Rosa, em 2013 apontou que 78% de homossexuais e bissexuais entre 12 e 60 anos já tiveram o desejo de “desaparecer”, enquanto 49% desses afirmaram ter sentido, pelo menos uma vez, a vontade de não viver mais. A pesquisa revela ainda que 15% dos entrevistados teriam a coragem de tirar a própria vida e que 10% já tiveram vontade de fazer ou até mesmo tentaram o suicídio. Na pesquisa foram entrevistadas 1,6 mil pessoas de Maceió.
A doutora Suzana Schettini acredita que a melhor solução para evitar o auto-flagelo, ou até o suicídio, é acompanhando seus filhos e estar sempre aberto para o diálogo. “Tudo isso é sintoma de uma sociedade que não conversa. Na questão da homossexualidade, sempre estão inseridas as dores, porque sabem que não é uma notícia que vai ser aplaudida pelos pais e isso gera uma angústia”, explica. Para ela, o maior segredo é escutar o filho.
No caso da transexualidade, os problemas são maiores. Hoje, ela ainda é tratada em vários lugares do mundo como Disforia de Gênero, uma patologia. Mas é, na verdade, um desconforto com o próprio corpo, o desejo de ser do gênero que difere com o qual foi designado biologicamente para você, causando uma enorme sofrimento, tornando necessária ajuda psicológica.
Remetendo ao caso de Ivoneide e Téo, a psicóloga Suzana Schettini acredita que o relacionamento dos dois deve melhorar depois que ela trabalhar o luto da perda da filha. Até esse momento, ela não estará totalmente aberta a receber o Téo como ele realmente é. “Ela criou uma filha a vida inteira, e essa filha não existe mais. É uma perda para ela, ela precisa trabalhar esse luto para poder receber Téo. E é muito do humano. Os humanos têm seus desejos, seus sonhos e suas fantasias, então é como se parte dele também estivesse morrido” explicou.
Antes, a homossexualidade era considerada uma doença, hoje já se sabe que é uma coisa da personalidade da pessoa, que nasce com ela. Pensar dessa forma pode trazer uma relação saudável entre mãe e filho e o filho com a sociedade.