Danielle e Mª Cláudia: as companheiras

 

 

“Se tivesse nascido da barriga dela, não pareceria tanto”, disse a empresária Danielle Rabelo, 38, sobre a relação de sua esposa, Maria Cláudia, e Gabriel, seu filho de criação.

Quando elas começaram a namorar, há 14 anos, não imaginavam que teriam um filho. Foram várias aventuras que viveram juntas: temporadas trabalhando na Europa, relacionamento à distância, realizações de sonhos e até a ideia de criar 40 cachorros. Tudo em conjunto. Mas filhos não estavam nos planos.

Gabriel Santos também nunca imaginou que teria um lar saudável novamente depois de perder a mãe, Solange Martins dos Santos, para o câncer quando ele tinha apenas oito anos. Também alguém para amar. Mas como as histórias infantis já ensinaram, as fadas madrinhas existem e às vezes aparecem como mães nas nossas vidas.

E, assim, aconteceu com o jovem.

Mesmo antes de irem morar juntos, o casal já tinha uma boa relação com o garoto. Maria Cláudia é irmã da ex-madrasta de Gabriel e, dessa forma, eles sempre se encontravam na reuniões de família e aproveitavam para conversar bastante. Devido a essa amizade, o rapaz foi morar com elas, em de Boa Viagem, zona Sul do Recife, bairro onde estudava. Assim, ele não precisaria mais atravessar dois municípios (Paulista e Olinda) até chegar na escola particular em que estava matriculado.


A relação de Gabriel com o pai nunca foi das melhores. Afinal, como criar um laço familiar em meio a tantas mudanças e falta de afeto? Tudo isso piorou quando ele assumiu um relacionamento homossexual, há três anos. Justamente o que faltava para o jovem foi o que encontrou em seu novo lar. Além do carinho das tia-mães, ele pôde receber o amor de, na época, 28 cachorros, que viviam na mesma casa.

Logo Gabriel foi conquistado pela admiração e pelo companheirismo que vivenciou todos os dias. O amor de Cláudia e Danielle serviu de inspiração para o jovem, que hoje é o fiel escudeiro das duas. Não demorou muito para que percebessem que aquele era, sim, o verdadeiro lugar daquele menino tímido. Afinal, como Danielle costuma dizer, ele e Cláudia só podem ter sido mãe e filho em outra vida. São os mesmos costumes exagerados por limpeza, mesmo temperamento e até os gostos são iguais. Ambos apaixonados pela Alemanha, por comidas apimentadas e salgadas, amantes de cachorros e gatos e preparados para tudo quando se trata de quem se ama.

O que Cláudia e Danielle não esperavam é que hoje elas sentissem o medo que as suas mães sentiam quando eram jovens. Apesar de apenas terem assumido a homossexualidade já adultas, elas não foram privadas de olhares questionadores e bufadas homofóbicas em locais públicos. “A gente conversa muito sobre Gabriel e como ele deve ser orientado”, disse Danielle. Para ela, o mundo hoje está tão violento quanto antes, mas o ódio pelo público LGBT está mais aparente.

Maria Cláudia sempre foi muito protetora. Ela, que sempre liga para saber onde, com quem Gabriel está e a que horas volta, mantém o pensamento da descrição. “Acho que precisamos sempre observar onde nós estamos. Não queremos passar por violência, nem que ele passe, então o que digo sempre: cuidado onde vai, sempre de olho ao redor e qualquer coisa ligue para pedir ajuda”, explicou ela, olhando para Gabriel como lembrete de proteção.

Felizmente, nenhum dos três sofreu violência na rua por fazer parte da comunidade LGBT, mas sabem que não é isso o que acontece todos os dias. Gabriel tem sorte de ter encontrado, finalmente, um lar saudável para viver, mesmo que hoje tenha que dividir esse amor de mãe com mais 40 cachorros resgatados da rua. Eles não são uma família de muitas palavras, em algumas ocasiões, de nenhuma. Mas o amor nem sempre se comunica através de ondas sonoras, mas também pelo toque, pelo pensamento e pelas ações. Essas mães, que pensaram um dia nunca serem mães, hoje mostram que nem sempre o que se planeja para a vida é como se imagina. Porém, sempre tem algo bom a ser retirado da mudança e, para elas, esse algo bom atende pelo nome de Gabriel.

2 comentários sobre “Danielle e Mª Cláudia: as companheiras

  1. Adoreii o texto…conheço essa história porque sou a ex-Madastra .
    Porém meu pensamento sempre foi saber com nossos filhos se envolvem,a questão não é ser ou não homossexual e sim escolher pessoas de boa índole para se relacionar .Graças a Deus tanto da parte De Gabriel e Cláudia( minha irmã) emcontraram pessoas de boa índole.

  2. Adoreii o texto…conheço essa história porque sou a ex-Madastra .
    Porém meu pensamento sempre foi em saber e com quem. nossos filhos se envolvem,a questão não é ser ou não homossexual e sim escolher pessoas de boa índole para se relacionar .Graças a Deus tanto da parte de Gabriel e Cláudia( minha irmã) encontraram pessoas de boa índole.

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