Acervo reúne mais de sete mil folhetos reunidos em mais de 30 anos

 

Quando adolescente, a pesquisadora Maria Alice Amorim escutava nas aulas de uma professora de literatura as origens e características do cordel e se apaixonou por esta expressão da poesia popular. A partir do início da década de 1980, decidiu começar uma coleção pessoal. No entanto, o constante aumento na reunião dos folhetos – adquirida despretensiosamente em viagens, feiras e através de amigos – terminou inviabilizando a consulta ao acervo, uma vez que nada estava catalogado. Após aprovação para patrocínio do Funcultura em 2008, surgia então a Ciberteca de Cordel, reduto digital com mais de sete mil exemplares de cordéis.

 

“Como era um trabalho de muito tempo, nem me dei conta que o acervo foi crescendo. Despretensiosamente, fui juntando aqui e ali. Até que ficou impossível fazer a consulta no acervo, porque eu já nem tinha condições de ter verdadeiramente noção (da quantidade de folhetos)”, conta Alice. A empreitada durou um ano para se concretizar e contou com o envolvimento de 13 profissionais de diferentes áreas de atuação. “A experiência foi excelente. A gente organizou a base de dados com um especialista em informática. Vimos de que forma podia cruzar dados. Um grupo de bibliotecárias fazia o trabalho de catalogação. Já o designer fez o trabalho todo da interface e gerenciou o projeto como um todo”, explica.

 

Confira os vídeos:

 

O acervo particular se transformou – após um ano de elaboração – em um verdadeiro catálogo digital para pesquisa de uma das principais demonstrações da literatura popular brasileira. São cerca de 7.300 folhetos de cordel, registrados sob as normas da ABNT, com visualização da capa de cada um deles. A digitalização, no entanto, só pode ser acessada na Fundação Joaquim Nabuco, no bairro de Apipucos, Zona Norte do Recife.

 

Catalogação e digitalização contou com trabalho de 13 profissionais

 

Um site criado pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) também conserva uma grande coleção de cordéis. Cordel – Literatura Popular em Versos possui mais de nove mil títulos digitalizados, de uma coleção iniciada a partir da década de 1960.

 

O projeto, com patrocínio da Petrobrás através da Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura (MinC), nasceu do intuito de disponibilizar a coleção de Leandro Gomes de Barros, objeto de pesquisa, com apoio da FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), da professora Ivone Maia, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

 

Do conjunto digitalizado, cerca de 2.340 folhetos está disponíveis em versão digital, na íntegra ou variantes. A Fundação considera como “variantes” as edições que trazem alguma alteração do original, a exemplo de modificações no conteúdo, na capa ou contracapa.

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