Oficina já passou por presídios de Caruaru e Arcoverde, no agreste do Estado

O projeto é Cordel em Cada Canto. O público alvo são os cidadãos comuns e o objetivo é levar a literatura de cordel para apreciação de todos, independente de onde estiverem. O projeto é realizado através de oficinas nas penitenciárias do Estado. A iniciativa foi desenvolvida pela União dos Cordelistas de Pernambuco (Unicordel), criada em 2005 para resgatar a importância dos folhetos. Poetas que estavam cansados de “deixar sua arte na gaveta” vão divulgar sua arte através de oficinas nos presídios do Estado.

 

Idealizado por Felipe Júnior – o atual presidente da União, a oficina foi aprovada pelo governo do Estado, através da Secretaria de Cultura, e recebida pelas penitenciárias de Caruaru e Arcoverde, no Agreste e Sertão pernambucano. Na oportunidade, o preso aprende a história, as características do cordel, a oralidade da arte, além de técnicas de oratória, dicção e declamação do livreto. “A oficina é atrativa porque além deles (os presidiários) receberem um certificado também aprendem a técnica do cordel, como fazer e editar os livretos” explicou Filipe.

 

O objetivo do projeto é trabalhar a oficina de cordel em todo o Estado e em todos os presídios que disponibilizem subsídios para os arte-educadores. Entre os critérios para a execução da oficina, estão:  as prisões têm que turmas de ressocialização, onde os presidiários aprendem a se comportar e têm aulas das matérias escolares. “Para nós cordelistas e monitores da oficina, isso vai facilitar muito porque já existe o sentimento de ressocialização. Assim, o projeto vem para trabalhar a ressocialização no âmbito artístico cultural” diz.

 

O projeto deu certo e o grupo de cordelistas da Unicordel continua se reunindo. A cada três ou quatro meses eles se encontram para discutir a arte, bolar projetos e divulgar o cordel. Dessas reuniões já saíram alguns projetos como Cordel em Cada Canto e Cordel na sala de aula. Inicialmente, o objetivo da União era propagar obras de cordelistas e recitais para assim resgatar a literatura de cordel no Estado,  uma arte considerada morta em Pernambuco e que precisava ‘ressuscitar’. Portanto, a união deste profissionais – que nem sempre vivem só do cordel – seria fundamental para os folhetos voltarem a ser vendidos, seja em livrarias ou bancas.

 

Para Felipe Júnior, o cordel está em alta na sociedade atual. “Tiro esta conclusão primeiro pela quantidade de cordelistas que surgiram a partir da Unicordel e, segundo, por conta da questão midiática, através da novela Cordel Encantado, que despertou nas pessoas aquele sentimento de resgate da cultura. Assim, os cidadãos assistem a novela e procuram saber onde tem cordel e encontram a arte na Unicordel”, explica.

 

Confira informações da novela Cordel Encantado:

 

Atualmente, a Unicordel tem 43 sócios cadastrados. Felipe, professor de filosofia e teólogo e natural de são José do Egito, trouxe uma nova visão para os cordelistas. Em conversas com o grupo, resolveu focar os trabalhos na formação e capacitação dos escritores de cordel. Sendo assim, qualquer pessoa que já tenha pelo menos um livreto publicado pode fazer parte da Unicordel e participar das atividades. Além de recitarem em bares, bienais e feiras, o valor pedagógico da instituição levou o cordel para a sala de aula e até aos presídios.

 

 

Além dos  sócios – cordelistas e do apoio do governo em alguns projetos, outro parceiro da União é a tecnologia. Pois é com a modernização e novas técnicas que a literatura e as atividades são divulgadas. Na concepção de Filipe Júnior, a tecnologia vem para ajudar e engrandecer o cordel porque qualquer tipo de manifestação cultural tem que estar aberta aos novos meios tecnológicos, sob o risco de desaparecer. Ele ainda exemplificou a atuação da tecnologia, dizendo que antigamente existiam as pelejas e cantorias de pé de parede e  hoje existem as pelejas virtuais.

One Response so far.

  1. Paula disse:

    Muito importante essa iniciativa dos Cordelistas em levar sua arte até as penitenciárias. Além de entreter e incentivar a criatividade dessas pessoas que estão trancafiadas e precisam de um lazer, de algo para espairecer a mente, ainda conseguem promover o cordel, que faz parte da cultura tão rica do nosso nordeste, muitas vezes esquecida.

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