Não há outro jeito. Interessados em publicar trabalhos em literatura de Cordel com apoio e recursos do governo do Estado precisam se submeter a editais e eventos previamente definidos pela Secretaria de Cultura. Enquanto isso, a Coordenação de Literatura – criada em 2011 para formular e monitorar ações voltada para esta área – fica à frente na parte curatorial de programações voltadas ao público escritor, com o objetivo de capacitar cidadãos para novas técnicas e perpetuar a cultura em Pernambuco.
Atualmente, o edital mais amplo capaz de contemplar uma boa gama de escritores é o Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura). Segundo o coordenador da área de literatura da Secretaria, Wellington Melo, R$ 30 milhões foram destinados ao projeto somente neste ano. Deste montante, em torno de R$ 1.3 milhão contemplou o segmento da literatura. “Fazemos um trabalho de cogestão com a comissão setorial, formada por representantes de vários segmentos da sociedade civil e por indicação do governo. Também estamos envolvidos na elaboração de propostas do Funcultura, ou seja, de pensar no edital. Este ano reformulamos algumas linhas de ação”, explica.
Confira trechos da entrevista:
Os candidatos precisam passar por várias etapas no processo de seleção. Antes de mais nada, todos devem ter um cadastro de produtor cultural. Após regularizar a situação com a Secretaria de Cultura, a comissão – eleita por dois anos – analisa todos os documentos entregues e faz uma votação para escolher os aprovados. “A comissão também recebe o reforço de analistas contratados pelo Governo. A seleção é feita por uma média aritmética de cinco notas. A grande maioria dos projetos é feita por pessoas físicas”, ressalta Melo.
Os interessados em eventos culturais – cordelistas, poetas, escritores e todos os outros envolvidos neste universo – devem ficar atentos à programação organizada pela Coordenação de Literatura, atualmente instalada no Espaço Pasárgada, no Centro do Recife. Um trabalho de mapeamento é feito pelo Estado para tentar identificar a maior quantidade possível de escritores para levá-los aos eventos. “Uma das ações que a coordenaria de cultura conduz é o Festival Pernambuco Nação Cultural, que é um festival que percorre todo o Estado, em várias regiões, e este ano, especificamente, promovemos uma ação que é o encontro de escritores. Fazemos um trabalho de mapeamento, de ir atrás nas cidades que vai acontecer o festival, dos escritores que pertencem a essas cidades e convidamos para que eles participem, declamando, falando da sua poesia”, conta Melo.
Confira galeria de fotos da coordenação de Literatura:
Outro reduto para propagação de ideias é o Festival Internacional de Poesia (FIP), que em maio deste ano passou pela sua 2ª edição. “O Festival Internacional de Poesia recebe, como o nome já diz, poetas do mundo todo. Mas tem uma presença forte dos poetas populares e dos cordelistas também”, conta o coordenador.
Quando questionado sobre um possível afastamento da população deste tipo de literatura, Melo ressalta que o cordel sobrevive no cotidiano, sustentado pelo seu próprio público. “O Cordel tem seu meio de comunicação. Basta você ir ao Mercado da Madalena em um sábado a partir do meio-dia, você verá que existe sempre uma movimentação. A mesma coisa no Mercado da Boa Vista. Eventualmente em outros espaços também. Quando a gente faz os festivais culturais, sempre existem cordelistas que, inclusive, fazem parte da programação”, defende.
Wellington de Melo fala sobre a importância do estímulo à leitura nos jovens:
Um projeto, ainda incipiente, é estudado pela coordenação de Literatura com lançamento previsto para 2014. Com o mapeamento feito Pernambuco afora, o setor pretende criar um cadastro estadual de escritores, incluindo os cordelistas. Os autores poderão elaborar um perfil autobiográfico, com as principais informações para divulgação na internet. “Neste portal vai haver um espaço para que os escritores possam entrar e mandar um perfil, uma foto, a bibliografia dele e a assim poderemos fazer um cadastro geral que ficará disponibilizado online”, afirma.