Fim-de-feira

Em 2009, o grupo conquistou o Prêmio da Música Brasileira na categoria regional

 

Formada por músicos pernambucanos, a banda Fim de Feira é bem característica pelo “sotaque” carregado de um grupo que fala “oxente” e por fazer poesia na feira de rua. Essa maneira de brincar com o regionalismo do nordestino é o grande diferencial dos meninos. Eles unem ritmos tradicionais do nordeste – como cocô e repente – com a modernidade do pop, sem esquecer a rima do repente.

 

O grupo surgiu em 2004 e foi batizado de Fim de Feira porque os músicos se identificavam com o comércio de rua, a relação vendedor-comprador e as manifestações culturais da feira. “Temos uma ligação muito forte com a tradição da cantoria de viola e repentistas do sertão da Paraíba e de Pernambuco, do Cariri ao Pajeú. Então, neste cenário do interior, neste recorte, a feira não é só um ambiente comercial,  é um ambiente social, de cultura” explica o vocalista da banda, Bruno Lins.

 

A banda tem a influência dos repentistas e poetas de pé de parede com um toque moderno de um grupo jovem. “A matriz poética do interior através dos decassílabos está representada nas músicas da banda. Além do repente, cantoria de viola e da poesia de cordel”, indica Lins, que cresceu com a influência de poetas, repentistas e declamadores.

 

Confira a entrevista com o vocalista de Fim de Feira:

 

Derrepente Virtual – Vocês têm a influência de algum poeta específico ou do movimento repentista em geral?

 

Bruno Lins – O nome Fim de Feira vem de um verso homônimo de um poeta sertanejo chamado Dedé Monteiro, que além de ser um parceiro musical, também é uma grande referência artística. A minha família paterna, os Nunes, é do Cariri Paraibano, terra da cantoria de viola. Um dos primeiros repentistas da história chama-se Ugulino Nunes da Costa. Nossas influências poéticas vêm daí. Além disso cresci ouvindo poetas, repentistas e declamadores, isso influenciou muito no meu jeito de compor letras e fazer poesia .

 

DV – Como vocês são recebidos fora do nordeste?

 

BL – Ano que vem o Fim de Feira completa 10 anos de carreira. Nesse tempo já viajamos por mais de 12 países e por várias capitais do País. É muito gratificante perceber que a música nordestina é tão carinhosamente respeitada e reconhecida por esses lugares. Mesmo em países onde a língua torna-se uma barreira, nosso ritmo e musicalidade conseguem dialogar com as pessoas.

 

DV- Quando surgiu a ideia de formar uma banda que tem como base a literatura de cordel?

 

BL – Há 10 anos atrás éramos uma banda de forró, com declamações ao longo dos shows. Com o tempo essa poesia começou a ser assimilada dentro das próprias músicas. Hoje eu posso afirmar que, mesmo se a gente optar por não recitar ao longo dos shows, as estruturas desse tipo de poesia estão muito presentes em nossas canções.

 

DV – Você acredita que os livretos podem estar em decadência? E a tecnologia seria aliada ou vilã, neste processo?

 

BL – Eu sempre entendo a tecnologia como algo positivo. Vejo que essas novas ferramentas, além de ampliar a comunicação, podem também renovar antigas tradições. Na minha opinião o formato é apenas o meio, aonde a finalidade é que as pessoas possam conhecer, atualizar e reverenciar nossa cultura.

 

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