Quando comecei a conversar com as pessoas sobre As Gordas Também Amam, muitas me perguntaram por que eu tinha escolhido esse tema. Algumas, mais diretas, já questionaram logo se eu realmente acreditava que gordofobia existia. No começo, isso me pegou de surpresa. Lembro-me de ter ficado ser reação quando ouvi essa pergunta pela primeira vez. Por alguns segundos, não consegui acreditar que alguém no mundo não enxergasse algo que, pra mim, era tão óbvio. Aí eu me lembrei de quando eu era magra, há não muito tempo atrás. Não é que eu não acreditasse que gordas sofressem preconceito. Só que, na época, eu não pensava parar para pensar no assunto. Até o dia em que foi comigo.
Mas será que o único jeito de desconstruir um preconceito é se tornando vítima dele? Eu não acredito nisso. Acho que eu não pensava sobre gordofobia por que não era gorda, mas também por que nunca tive alguém que sentou comigo e me mostrou que precisamos pensar sobre isso. Não pensava sobre gordofobia por que aprendi no colégio que ser gorda é ser doente, e doença é algo que deve ser combatido. Não pensava sobre gordofobia por que vivo em uma sociedade que acredita que ser gorda é igual a não ser desejável e jamais conseguir um relacionamento amoroso.
Para todos os que perguntaram (e todos os que perguntarão), eu escolhi este tema por que acredito que a informação é uma arma poderosa contra o preconceito, seja ela externo ou interno. As Gordas Também Amam visa proporcionar um espaço seguro e livre de julgamentos onde mulheres gordas podem se expressar e o resto do mundo pode aprender sobre o que realmente significa ser gorda – muito mais do que um número na balança. Uma vida de insegurança, luta e força que vão muito além do que as pessoas podem imaginar.
Texto, diagramação e ferramentas interativas:
Tereza Eickmann
Áudios, ilustrações e vídeos:
Tereza Eickmann
Vinheta:
Tereza Eickmann
Orientação e revisão de texto:
Dario Brito
Design:
Flávio Santos